Secções
Entrar

O R0 português: "Não há um valor milagroso" de taxas de contágios para reduzir medidas de contenção

16 de abril de 2020 às 15:11

Um dos indicadores usados pelos especialistas quando surge uma nova epidemia é o número médio de contágios causados por cada pessoa infetada, mais conhecido como R0. Em Portugal, esta taxa é de cerca de 1%.

A diretora-geral da Saúde defendeu hoje que "não há um valor milagroso" do número médio de contágios causados por cada pessoa infetada com o novo coronavírus que permita, por si só, reduzir as medidas de contenção. 

Um dos indicadores usados pelos especialistas quando surge uma nova epidemia é o número médio de contágios causados por cada pessoa infetada, mais conhecido como R0. Em Portugal, esta taxa é de cerca de 1%, ou seja, cada doente com covid-19 infeta em média uma outra pessoa, segundo informações avançadas hoje pela Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas.

A Noruega anunciou esta semana que vai reduzir as medidas de contenção porque a taxa de contágio está nos 0,7, ou seja, cada doente com covid-19 está a infetar em média 0,7 pessoas.

Para Graça Freitas, "não há números milagrosos" e cada país segue um conjunto de critérios diferentes para decidir se aliviam as restrições.

O número médio de pessoas que cada doente contagia (conhecido como R0) "não é o único critério que está a ser utilizado pelos diversos países", sublinhou.

A realidade demográfica, social e o sistema de saúde nacional fazem a diferença no momento de os Governos tomarem medidas.

"Não há um valor milagroso. Para a Noruega foi considerado 0,7. O de Portugal está perto de 1, com pequenas variações regionais. O nosso valor atual é de cerca de 1: De 1.1 nuns sítios e um pouco abaixo de 1 noutros", afirmou a diretora-geral da Saúde.

Graça Freitas explicou que o R 0,7 da Noruega foi o valor considerado correto pelo Governo tendo em conta a população norueguesa, a cultura norueguesa e as características do Serviço de Saúde da Noruega: "Não quer dizer que seja esse o critério para os outros países", disse.

A responsável lembrou ainda a "grande vantagem" de o surto epidémico em Portugal ter começado mais tarde, com os primeiros casos a registarem-se no início de março.

 "Por isso, vamos acompanhando os diferentes critérios que estão a ser adotados por diferentes países para ver qual é que melhor se adapta à nossa realidade", explicou Graça Freitas.

Neste trabalho de análise, Portugal conta com um "grupo grande de cientistas, médicos clínicos e de saúde pública, que estão na gestão destas situações que estão a avaliar qual será a altura ideal para começarmos a descomprimir em relação as medidas de contenção, como poderá ser feito e quais os critérios que teremos de observar".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela