O dia em que foi preciso encontrar 900 pessoas para vacinar
Doses estavam na carrinha que teve acidente e chegaram ao Hospital de Setúbal para serem administradas em 48h, antes de se estragarem. Com o pessoal de saúde já vacinado, foi preciso procurar 900 pessoas para vacinar, explicou ontem Francisco Ramos.
Quando 150 frascos de vidro, cada um com seis doses de vacina contra a covid-19, chegam a um hospital, é difícil imaginar que isso seja um problema. Mas foi. As 900 doses em causa (cada frasco permite retirar 6) tinham que ser administradas no máximo em 48 horas e, de acordo com indicações da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), não podiam sair do Hospital São Bernardo, em Setúbal.
Era preciso administrá-las depressa e sem as retirar do local onde tinham chegado depois de um acidente com a carrinha que as transportava. Foi aí que começaram as dificuldades. Como ninguém esperava que as vacinas ali chegassem naquela sexta-feira, 22 janeiro, não havia lista de pessoas a vacinar. Mais: como explicou ontem pela primeira vez Francisco Ramos, coordenador datask forcepara o Plano de Vacinação contra a covid-19 em Portugal, noJornal da Noite da SIC Notícias, os profissionais prioritários do hospital já tinham sido vacinados. Os dos centros de saúde da cidade, também. Começava assim um périplo para encontrar pessoas suficientes para serem vacinadas entre sexta-feira e domingo.
"Atask forcedeu indicação para encontrar as pessoas possíveis na fase 1. Felizmente isso foi possível", explica Francisco Ramos àSÁBADO. O plano foi posto em prática pelos hospital de Setúbal e pelas autoridades de saúde.
Tudo começou às 11h20 de dia 20 de janeiro, quando a carrinha que transportava as vacinas da BioNtech/Pfizer se despistou ao quilómetro 60 da A2, junto a Águas de Moura, a cerca de 20 quilómetros do hospital de Setúbal. Nessa quarta-feira, as 160 doses começaram a ser "avaliadas por uma equipa farmacêutica", em articulação com o Infarmed, explicou o Ministério da Saúde.
Era preciso saber quantos frascos tinham sofrido danos e quais poderiam ainda ser utilizados. Num primeiro comunicado, avançado nessa mesma quarta-feira, o gabinete de Marta Temido informou que pelo menos 82 frascos mantinham as suas propriedades; faltavam, então, analisar outros 68. Nessa altura, já todos estavam na farmácia do Hospital de Setúbal.
De acordo com Francisco Ramos, dos 160 frascos transportados (na altura, a informação avançada dava conta de 152 frascos), foram utilizados 150. O que significa que se estragaram, no total, 60 doses de vacinas. A carrinha, que saíra de Coimbra no dia 22, tinha como destino a vila de Ourique, no distrito de Beja.
Edições do Dia
Boas leituras!