Secções
Entrar

MP pede condenação de ex-autarca de Castelo Branco e dois empresários

07 de janeiro de 2021 às 15:57

O socialista Luís Correia é acusado de prevaricação em coautoria com dois empresários, um deles o seu pai. Arguido alegou que tudo foi apenas "um mero erro administrativo".

O Ministério Público (MP) pediu a condenação dos arguidos e a perda de mandato efetiva sem suspensão do ex-presidente da Câmara de Castelo Branco, acusado de prevaricação em coautoria com dois empresários, um deles o seu pai.

Nas alegações finais do julgamento de Luís Correia e dois sócios da empresa Strualbi, Alfredo da Silva Correia, pai do ex-autarca, e o empresário Eugénio Camelo, acusados de coautoria do crime de prevaricação de titular de cargo político, a procuradora do MP realçou a "incoerência" de alguns testemunhos abonatórios que têm capacidade e formação técnica reconhecida.

Luís Correia responde ainda como autor material por um crime de prevaricação de titular de cargo político, que envolve outra empresa, a sociedade Investel, sendo o capital social detido em 74% por Joaquim Martins, sogro do arguido.

"Não podem vir argumentar que a lei é complexa e que muitas vezes se assina de cruz", sustentou a magistrada.

"O desconhecimento da lei, o desconhecimento do pai na Strualbi e o desconhecimento da lei que se aplica nestes casos não é aceitável", alegou a procuradora, afirmando-se "chocada" com as declarações de algumas testemunhas, atendendo às suas qualificações.

"Estes depoimentos são uma tentativa de encobrir o que todos sabem, beneficiar as empresas em que a família tinha participação", frisou.

O MP realçou também que a saída do pai do ex-autarca da gerência da empresa Strualbi aconteceu porque era impossível não saberem quem era o presidente da Câmara de Castelo Branco -- "como diz o povo, não basta ser sério é preciso parecê-lo".

"Temos aqui é uma situação de vantagem e isto é um privilégio que foi obtido por esta empresa [Strualbi] e que decorre do regime legal que, se fosse cumprida escrupulosamente a lei, esta vantagem não existia", disse.

A procuradora considerou ainda que " o discurso dos arguidos não é coerente, não é verosímil e não é credível".

Por seu lado, o advogado de defesa pediu a absolvição de todos os arguidos.

"Não houve a menor influência efetiva, não houve aproveitamentos pessoais nestes procedimentos. A absolvição destes arguidos seria a mais correta", defendeu.

O causídico sustentou que, neste processo, não há rasto de qualquer corrupção no sentido amplo, aproveitamento individual ou beneficio pessoal do ex-autarca de Castelo Branco.

"Não há o menor rasto de que, destes atos, tenha resultado prejuízo para o beneficio público. O critério escolhido foi sempre do melhor preço e da melhor qualidade", frisou.

O advogado disse não entender que os arguidos Alfredo da Silva Correia e Eugénio Camelo possam ser condenados.

"Estão a ser acusados em coautoria material. Isto implica um plano congeminado em conjunto. É um facto objetivo que está na acusação e que não foi provado", sustentou, considerando que esta situação, só por si, é suficiente para a absolvição destes dois arguidos.

Já sobre o ex-autarca, a defesa argumentou que ele nunca abriu qualquer procedimento e que foram sempre os serviços do município a indicarem a necessidade de o fazer.

"A iniciativa dos contratos nunca foi do arguido [Luís Correia] e é a própria acusação que o refere. Todas as testemunhas de acusação disseram - e é absolutamente consensual - que o arguido nunca decidiu qualquer tipo de procedimento. Nunca escolheu o júri. Não teve nenhuma intervenção. Limitou-se a ratificar aquilo que foi a decisão do júri. Que intervenção teve afinal o arguido nestes procedimentos? Formal", concluiu.

O coletivo de juízes do Tribunal de Castelo Branco marcou a leitura do acórdão para o dia 21 de janeiro, às 15:00.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela