Primeiro-ministro está no Parlamento para debater a coordenação do combate aos incêndios em Portugal.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, está esta quarta-feira na Comissão Permanente da Assembleia da República para debater a coordenação do combate aos incêndios em Portugal e garantiu que o seu Governo esteve sempre em cima dos acontecimentos.
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
O primeiro-ministro garantiu que serão avaliadas as ações que foram tomadas, mas nega que não tenha havido iniciativas de combate. "O Governo, eu próprio e a ministra da Administração Interna, estivemos sempre ao leme”, assegurou ainda.
Montenegro sublinhou que é impossível "evitar grandes incêndios", mas que vão estudar formas de minimizar os efeitos dos mesmos.
O primeiro deputado a inquirir Montenegro foi Paulo Raimundo, o secretário-geral do PCP, que acusou o Governo de não ter tido mãos e de não ter tido capacidade de "coordenação" e acusou ainda Montenegro de ter "empurrado para a frente com a barriga". "É preciso cumprir a estratégia nacional da floresta e contratar o pessoal necessário para as diversas estruturas que previnem e combatem incêndios. Cumpra-se o estatuto da agricultura familiar", propôs Paulo Raimundo, entre outras propostas.
Fala de seguida André Ventura que acusa Montenegro de mentir quando disse que houve prevenção suficiente. O líder do Chega acusou a MAI, Maria Lúcia Amaral, de incompetência por não ter meios de combate aéreos.
Pelo JPP, Filipe Sousa endereçou uma palavra de solidariedade às vítimas das famílias e aos bombeiros. "Não é só o País que está a arder, é a confiança nos políticos", criticou o deputado único, questionando Montenegro sobre a falta de meios aéreos no combate às chamas, levantando ainda dúvidas sobre "interesses privados" por trás dos incêndios.
Inês Sousa Real, do Chega, lembrou que arderam 250 mil hectares - "o equivalente a ter ardido todo o Luxemburgo" -, um novo recorde. "Recordo que há três anos, Montenegro criticava o PS por culpar o clima pelos incêndios e que agora fez o mesmo. "O senhor primeiro-ministro anunciou investimento na defesa, mas não para a prevenção de incêndios", criticou a deputada. Lembrou ainda que os bombeiros voluntários recebem 3,15 euros por hora e que não houve propostas para aumentar este valor.
Pelo Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua começou a falar depois de ter sido alvo de apartes por parte da bancada do Chega. Elencou depois perguntas que ouviu por parte de bombeiros que questionaram o porquê da falta de investimento e deixou ainda uma farpa a Ventura pelos vídeos feitos nas redes sociais a "fingir que apagava um incêndio". "Sr. primeiro-ministro, o Governo não altera as alterações climáticas nem o fogo posto, mas controla a prevenção". E nisso falhou", atirou. "Com populações sozinhas, bombeiros sem saber ara onde vão, meios aéreos avariados, o Governo entendeu que devia adiar o pedido de apoio ao combate aos incêndios", criticou por fim a bloquista.
João Almeida, do CDS, lembrou que o Governo convocou um Conselho de Minsitros durante os incêndios para tomar "medidas excepcionais" e desafiou ainda o PS a lembrar que "políticos socialistas estiveram no parlamento debater a questão dos incêndios enquanto eles estavam a acontecer".
A Iniciativa Liberal, pela voz de Mariana Leitão, que denunciou o "caos em que está a legislação da floresta". "Está quase tudo por fazer", acusa a liberal.
Rui Tavares, porta-voz do Livre, pediu mais empenho para "garantir que o debate sobre os incêndios não é cíclico". "Agora falamos sobre incêndios, depois vamos falar sobre as secas e depois sobre as inundações", previu Rui Tavares. Pediu ainda a Montenegro uma "vontade de diálogo séria". "Não basta dizer que se está ao leme", rematou.
José Luís Carneiro destacou a "importância da presença política nos momentos de maior necessidade" e considerou que a liderança política esteve "ausente e incapaz". O líder socialista mostrou-se ainda disponível para apoiar um "compromisso duradouro" proposto pelo PSD.
No encerramento do debate, Montenegro afirmou que o plano de intervenção para a floresta foi apresentado em março, "muito antes de existirem os eventos trágicos dos incêndios". "Eu e este Governo não estamos aqui para pré-anunciar novas tragédias, mas para as evitar", garante Montenegro. Segundo o líder do Governo, o plano visa valorizar a floresta, aumentar a resiliência do setor florestal e agilizar os instrumentos que visam concretizar a estratégia.
O primeiro-ministro esclareceu a cronologia da ação do Governo durante os fogos para demonstrar o trabalho que foi desenvolvido. "Fizemos aquilo que nos competia. Não vestimos casacos para ir para o terreno porque quisemos respeitar a prioridade ao trabalho operacional", realçou Montenegro.
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