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Liga dos Bombeiros considera violação de recruta no Fundão "ato desprezível" mas nega existência de praxes

Luana Augusto , Mariana Taborda 26 de novembro de 2025 às 15:22

António Nunes lamenta o sucedido e não tem dúvidas de que se tratou de um ato isolado. Mas deixa um aviso: "Se houver culpados terão de ser punidos".

O presidente da Liga dos Bombeiros negou esta quarta-feira a ideia de que existam praxes nos quartéis do Fundão e da Soalheira, onde um jovem aspirante a 'soldado da paz', de 19 anos, terá sido . Em entrevista à SÁBADO, António Nunes reconhece que é frequente existirem "medidas medidas" de receção "a alguém novo" que, assegura, não podem ser levadas a estes extremos.
Liga dos Bombeiros nega praxes no quartel após caso de violação DR
"Não lhe chamaria de 'praxe'. É a primeira vez que estou a ouvir esse nome. O que há de facto, em termos do que se possa equiparar a uma 'praxe', é um conjunto de medidas que muitas vezes são tomadas para se receber alguém novo", começa por referir. António Nunes admite que há "uma tradição" nestes quartéis, que visa apenas dar as boas-vindas a novos recrutas: "Quando alguém acaba a recruta é frequentíssimo um dos mais velhos regar o novato com água", conta, referindo que se trata de uma forma de "integração". O mesmo acontece com "os próprios comandantes, quando tomam posse". "Também é verdade que quando colocamos os galões ou as divisas aos bombeiros, por vezes eles também levam as umas pancadas nos ombros mais fortes." Mas o que sucedeu no Fundão é bem diferente de tudo isto e o presidente da Liga fala em "vergonha". "É uma situação isolada que nos envergonha a todos nós, bombeiros. Isto não pode voltar a ocorrer. Isto não é um comportamento normal dos nossos bombeiros. É uma situação excecional." António Nunes defende ainda "têm que ser apuradas as devidas responsabilidades, sempre no princípio da presunção da inocência" e que, "se eventualmente houver culpados", terão de ser "punidos exemplarmente". "Temos que perceber o contexto para também entender qual é o grau de responsabilidade de cada um daqueles 11 que estão, pelo menos para já, identificados como participantes num ato desprezível de atentado a um ser humano." Esta terça-feira os arguidos foram presentes a tribunal, para aplicação das medidas de coação, tendo acabado por sair em liberdade mediante apresentações semanais na polícia. Ao mesmo tempo, ficaram proibidos de entrar no quartel. Além da alegada violência sexual, os bombeiros estão também acusados de terem filmado a sodomização. Questionado sobre se a Liga pretende disponibilizar apoio psicológico à vítima, António Nunes reconhece não ter recebido, pelo menos para já, qualquer pedido nesse sentido. "A associação e o corpo de bombeiros não solicitaram nenhum apoio à Liga dos Bombeiros Portugueses." Já sobre os bombeiros que terão cometido este ato, António Nunes defende que "se tiverem um distúrbio psicológico momentâneo ou permanente, terão de ser ajudados". "Não vamos negar ajuda aos bombeiros mesmo quando nos envergonham." Na terça-feira, onze bombeiros voluntários do Fundão, no distrito de Castelo Branco, foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ) por serem suspeitos de dois crimes de violação e um de coação sexual, alegadamente praticados durante uma "duvidosa praxe". Os arguidos foram posteriormente presentes a juiz e libertados. Soube-se, no entanto, esta quarta-feira, que por três meses - o prazo máximo permitido, confirmou o Observador junto do comandante dos Bombeiros Voluntários do Fundão.  
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