Líder da concelhia de Lisboa do PSD diz "basta!" à normalização de discursos extremistas
Luís Newton condena a propagação de "discursos de ódio", criticando "discursos populistas e extremistas que produzem ódios e divisões de parte a parte".
O presidente da concelhia de Lisboa do PSD insurgiu-se hoje contra o racismo e a xenofobia e defendeu que o seu partido "jamais, em momento algum, poderá alimentar sequer a ideia de normalizar discursos extremistas.
Em nota enviada à comunicação social, com o título "Basta!", Luís Newton condena a propagação de "discursos de ódio e manifestações como as de sábado em Lisboa, à porta da SOS Racismo", considerando que "radicalismo gera radicalismo" e há, "cada vez mais, discursos populistas e extremistas que produzem ódios e divisões de parte a parte".
"Em momentos destes, os políticos não podem permitir incertezas. Tal como em Lisboa e no país critiquei a terrível decisão do PS de incluir numa solução de Governo partidos extremistas [da esquerda], também agora tenho de ser claro a dizer que o partido fundado por Sá Carneiro [PSD] jamais, em momento algum, poderá alimentar sequer a ideia de normalizar estes discursos", sublinhou.
"Não podemos construir a democracia com quem nela não acredita. O PSD é um partido que sempre teve como valores não negociáveis o respeito pela democracia, pela diferença, pela pluralidade e pela dignidade humana. Nunca poderá aceitar ou compactuar com propostas políticas que ponham em causa estes valores. Se considero inaceitável que o PS esteja refém da extrema-esquerda, também não poderei aceitar que o PSD esteja refém da extrema-direita", conclui Newton.
No passado dia 30 de julho, em entrevista à RTP3, o presidente do PSD admitiu conversações com o Chega com vista a entendimentos eleitorais apenas se o partido evoluir "para uma posição mais moderada", dizendo descartar essa possibilidade se esta força política "continuar numa linha de demagogia e populismo".
Na fase final da entrevista, Rio foi questionado se admitia entendimentos com o partido Chega para formar um eventual bloco de centro-direita para chegar ao poder.
"Não depende do PSD, depende do Chega. Se o Chega evoluir de uma tal maneira que - embora seja um partido marcadamente de direita, em muitos casos de extrema-direita, muito longe de nós que estamos ao centro -, se o Chega evoluir para uma posição mais moderada, eu penso que as coisas se podem entender", afirmou.
Em contraponto, disse, "se o Chega continuar numa linha de demagogia, de populismo, da forma como tem ido, há aqui um problema, porque aí não é possível um entendimento com o PSD".
Questionado se não descarta, então, essa possibilidade, Rio respondeu: "Face ao que o Chega tem sido, descarto. Espero é que o Chega possa evoluir para um plano um pouco mais moderado, então não estou a dizer que se faça, mas é possível conversar".
Na terça-feira, as deputadas do Bloco de Esquerda Beatriz Dias e Mariana Mortágua, a deputada não inscrita (ex-Livre) Joacine Katar Moreira e mais sete ativistas foram visados numa mensagem de correio eletrónico com ameaças, dirigido à associação SOS Racismo.
"Informamos que foi atribuído um prazo de 48 horas para os dirigentes antifascistas e antirracistas incluídos nesta lista rescindirem das suas funções políticas e deixarem o território português", lê-se no e-mail, a que a Lusa teve acesso.
Na missiva, refere-se que se o prazo for ultrapassado "medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português" e que "o mês de agosto será o mês do reerguer nacionalista".
Com data de 11 de agosto, a mensagem de correio eletrónico foi enviada a partir de um endereço criado num 'site' de e-mails temporários para o SOS Racismo e é assinada "Nova Ordem de Avis - Resistência Nacional".
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