PJ faz buscas a empresas de Luís Bernardo e João Tocha

A Operação Concerto, movida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ está a investigar a prática dos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, prevaricação, participação económica em negócio e abuso de poderes, informou a força policial em comunicado.
 
No terreno estão 150 elementos entre inspetores e peritos informáticos e financeiros e 8 magistrados do Ministério Público. Estão a levar a cabo 10 buscas domiciliárias, 13 a entidades públicas, entre as quais câmaras municipais, e 11 buscas em empresas, gabinetes de contabilidade em Lisboa, Oeiras, Mafra, Amadora, Alcácer do Sal, Seixal, Ourique, Portalegre, Sintra e Sesimbra.  

As suspeitas têm por base a investigação que aSÁBADOpublicou em fevereiro de 2022, sobre a forma como os visadosentravam frequentemente nos mesmos concursos públicos e eram escolhidos em alternância, denúncias e o artigo doPúblico de fevereiro deste ano que também referia a proximidade entre os dois consultores em vários negócios.

Em declarações ao NOW, Eduardo Dâmaso, subdiretor-geral editorial da Medialivre, refere que existem outros envolvidos no alegado esquema: "Estes empresários e mais duas pessoas, ou três que lhes são bastante próximas apresentariam propostas de fornecimento de serviços de comunicação (...) com preços concertados fazendo com que a atribuição ficasse sempre em casa uma vez que são suspeitos de terem parcerias a outros níveis". A realidade é que a investigação da SÁBADO já referia a presença da mulher de Luís Bernardo, Belmira Canão Bernardo, do sobrinho, Filipe Canão, e do sogro, José da Guia Passos Canão, nos negócios.  

Segundo os dados de 2022, só em consultas prévias a Wonderlevel Partners, a Sentinelcriterion, a First Five Consulting, a João Tocha Global e a Remarkable, todas empresas com ligações aos dois empresários, acumularam mais de um milhão de euros em três anos.

O processo de consulta prévia tem por objetivo ir ao mercado e garantir a concorrência, solicitando várias propostas de forma a que a entidade pública possa escolher entre ofertas e preços diferenciados, no entanto o objetivo deste esquema passava por apresentar propostas com valores muito semelhantes para serem ganhos de forma alternada e por vezes um dos candidatos chegava até a desistir de apresentar uma proposta, como aconteceu em 2019 na Câmara Municipal do Barreiro.

A Wonderlevel Partners já confirmou a realização de buscas e afirma que está "naturalmente, a cooperar com as autoridades competentes".

Luís Bernardo e João Tocha são dois empresários conhecidos por serem amigos pessoais e terem colaborado com o governo de José Sócrates. Luís Bernardo foi assessor do ex-primeiro-ministro e diretor de comunicação do Benfica.

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