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Incêndios causam prejuízos de mais de dez milhões em Oleiros

15 de novembro de 2017 às 09:24

O município de Oleiros teve um prejuízo superior a dez milhões de euros só em infraestruturas por causa dos incêndios.


O fogo deixou no município de Oleiros um prejuízo superior a dez milhões de euros só em infraestruturas, como percursos pedestres, estradas, sinalização, rede eléctrica, águas e saneamentos, além de mais de cem casas ardidas.

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Foto: Lusa
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O balanço foi feito à agência Lusa pelo presidente da Câmara Municipal, Fernando Marques Jorge, segundo o qual arderam 15.000 hectares de floresta no concelho.

Arderam 51 casas de primeira habitação, das quais 23 ficaram totalmente destruídas. O total, incluindo segundas habitações e casas devolutas, "ultrapassa as cem", indicou o autarca.

"Só em Álvaro arderam 41 casas, 11 das quais totalmente", precisou, mostrando imagens da devastação deixada pelo fogo que a 15 de Outubro começou na Sertã e se alastrou a Oleiros.

Uma das imagens que guarda no telemóvel é de uma garrafeira, em Álvaro, onde as garrafas derreteram como cera. "O vidro derrete a mil graus", exclamou.

Fernando Jorge prosseguiu o relato dos acontecimentos e lamentou a falta de meios no local para proteger atempadamente as populações: "Tivemos uma frente de 50 quilómetros e havia sete carros de bombeiros e umas 30 ou 40 aldeias para proteger. Houve negligência total do Governo. Subvalorizou a situação".

Quando o fogo atingiu aquelas proporções, já nem era possível ter pessoas na frente de combate: "Ficavam assadas. Houve sítios onde o alcatrão ardeu, houve portas de alumínio que derreteram, o alumínio derrete a cerca de 600 graus".

Nas freguesias mais afectadas, como Álvaro, Sobral e Madeirã, sete casas, parcialmente ardidas, estão em reconstrução, avançou Fernando Jorge.

"Estamos a dar apoio psicológico a 229 pessoas, esta gente precisa muito desse apoio, ainda mais com a aproximação da época de festas, do Natal. Vai ser difícil", disse, manifestando esperança de que possa ter também meios, além dos que tutela, para desenvolver este trabalho.

A autarquia tem contado com o apoio de várias instituições, do Banco Alimentar à Caritas, que vai repor os animais: cabras, galinhas, patos e até colmeias. "Centenas de animais arderam", acrescentou.

Há também muitos particulares a enviar ajuda. Em Setúbal, organizou-se "um autêntico comboio de carros" para levar a Oleiros sementes e material para as hortas, do Porto chegaram mobílias e electrodomésticos, e em Lisboa organizou-se um grupo de voluntários no Facebook para recolher bens destinados ao recheio das casas de Álvaro.

"Tivemos muita solidariedade de anónimos, mas também de grupos de amigos que se organizaram em Castelo Branco. A única entidade que não nos contactou foi a Unidade Local de Saúde, ficaram indiferentes", lamentou o edil, elogiando os bombeiros feridos que voltaram ao combate depois dos curativos, apesar de lhes dizerem que não podiam ir de novo para o cenário de guerra que viveu o concelho há um mês.

O autarca defende que deve ser também considerado entre as vítimas dos incêndios (no balanço oficial) o trabalhador da Câmara de Oleiros que morreu quando operava uma máquina num incêndio que a 7 de Outubro atingiu o município.

"Não são só os que morrem queimados que são vítimas dos incêndios, este homem andava a combater o fogo, a máquina virou-se e morreu", indignou-se o presidente do município.

Os mais de 30.000 hectares de verde que restaram são agora a esperança da autarquia para fazer ressurgir o turismo que começava a despontar, sobretudo desde que foi criado no município um troço do Trilho Internacional dos Apalaches. Metade ardeu.

"Estávamos a ser muito visitados, vieram pessoas dos EUA e de Singapura", referiu.

"Um investimento de cerca de 400.000 euros para o turismo... ardeu tudo. Tudo isto acaba por ser um pouco desanimador para quem está à frente das autarquias, porque fizemos um esforço grande e agora estávamos a tirar dividendos", afirmou.

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