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Está "tudo" por fazer para que Pedrógão não regresse ao pré-incêndios

16 de junho de 2018 às 21:12

"As respostas que chegaram - e chegaram - foram respostas àquilo que era de emergência. Temos um território devastado, população muito diminuída na sua auto-estima e posses", afirma presidente de Associação de Vítimas.

A presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG) afirmou hoje que a reconstrução é efectiva, mas faltam respostas para os problemas do interior, para não se voltar ao território que existia antes de Junho de 2017.

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Foto: Lusa
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"As respostas que chegaram - e chegaram - foram respostas àquilo que era de emergência. Temos um território devastado, população muito diminuída na sua auto-estima e posses, e a resposta chegou. Há reconstrução de casas, mas o território não perdeu só habitações, não perdeu só animais, não perdeu só anexos", alertou a presidente da AVIPG, Nádia Piazza, que falava aos jornalistas na sede da associação, à margem da apresentação de vários projectos apoiados pelo Fundo de Apoio às Populações e à Revitalização das Áreas Afectadas pelos Incêndios.

Segundo Nádia Piazza, está "tudo" por fazer no que toca a uma resposta estruturada para garantir que o território afectado pelo grande incêndio de Pedrógão Grande não regresse ao estado em que estava antes do incêndio.

"Voltemos ao dia 16 de Junho [um dia antes do incêndio] e estava tudo por fazer, antes de o fogo passar. O problema do interior de Portugal é de pobreza, de falta de oportunidade, que passa por ordenamento do território, que passa por trazer investimento sério, concreto, público e privado" para o interior, defendeu.

A presidente da AVIPG sublinhou que o incêndio de 17 de Junho de 2017 só aconteceu porque o território apresentava já grandes debilidades.

Se se voltar a ter o território que havia antes do fogo, vincou, "daqui a dez ou 12 anos" irá ocorrer a mesma coisa, "com um fogo devastador como esse".

Para Nádia Piazza, é necessário garantir que a região não volta ao estado em que estava antes, até porque os grandes fogos de 2017 terão de obrigar a classe política e o Governo a repensar o interior.

"Se faltavam factos e evidências, 17 de Junho trouxe-os e em Outubro repetiu-se. Temos demasiadas impressões digitais para aquilo que aconteceu. Não é possível não haver uma aposta política concreta nessa matéria", sublinhou.

Na região afectada pelo incêndio de Pedrógão Grande, os concelhos mais afectados (Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos) lideram no despovoamento, envelhecimento e baixo poder de compra do distrito de Leiria, os orçamentos municipais estão presos à despesa corrente e há pouca iniciativa privada.

O incêndio que deflagrou há um ano em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), em 17 de Junho, e alastrou a concelhos vizinhos provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos.

As chamas, extintas uma semana depois, destruíram meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.

Em Outubro, os incêndios rurais que atingiram a região Centro fizeram 50 mortes, a que se somam outras cinco registadas noutros fogos, elevando para 121 o número total de mortos em 2017.

Hoje, Marcelo Rebelo de Sousaesteve em Castanheira de Pera, na sessão de apresentação do projecto "Pinhal de Futuro", que faz o acompanhamento psicológico de crianças e adolescentes dos 06 aos 18 anosafectados pelos incêndios de 2017 na região.

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