Secções
Entrar

Equipa do Porto desenvolve sistema que deteta e distingue células cancerígenas

11 de março de 2020 às 16:25

O sistema desenvolvido propõe a utilização de "um sistema inteligente baseado em fibra ótica" para o isolamento, identificação e distinção de células cancerígenas.

Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto, desenvolveram um sistema que, ao recorrer a fibra ótica, permite detetar, isolar e distinguir células cancerígenas, foi hoje anunciado.

Em comunicado, o INESC TEC refere que o artigo, publicado na Scientific Reports, propõe a utilização de "um sistema inteligente baseado em fibra ótica", intitulado iLoF para o isolamento, identificação e distinção de células cancerígenas.

O sistema iLoF, desenvolvido por dois centros de investigação e uma 'spin-off' do instituto, combina assim algoritmos de inteligência artificial com "sinais de base fotónica", por forma a identificar categorias "únicas" de biomarcadores.

"O sistema iLoF serve de arquivo a 'impressões digitais' de várias doenças e encontra-se a ser desenvolvido com o objetivo de permitir, num futuro próximo, testes rápidos e pouco invasivos em doenças como o Alzheimer, Acidente Vascular Cerebral, Parkinson ou cancro", refere o instituto do Porto.

De acordo com o INESC TEC, neste artigo, a equipa de investigadores conseguiu mostrar, com uma precisão "acima de 90%", que o sistema é "capaz de discriminar dois modelos de células cancerígenas humanas" com o mesmo fundo genético, mas com um perfil de glicosilação (reação química onde um carboidrato é adicionado a outra molécula, chamada de recetora) diferente.

Citada no comunicado, Joana Paiva, uma das autoras do artigo, adianta que, atualmente, a deteção destas alterações é feita através de "ensaios dispendiosos, morosos e complexos, que recorrem a técnicas que requerem infraestruturas laboratoriais avançadas".

"Este trabalho que publicamos mostra que o sistema iLoF é capaz de identificar as células com perfil de glicosilação cancerígeno distinto com uma precisão acima de 90% através de um método simples que pode ser utilizado, futuramente, em qualquer local", refere.

O instituto do Porto avança ainda que, face à necessidade de se desenvolverem dispositivos "cada vez mais pequenos e inteligentes", a equipa de investigadores prevê incorporar o sistema num "dispositivo fácil de manusear para a identificação do cancro".

"Este dispositivo permitiria uma seleção das células vivas circulantes capturadas de acordo com as suas características biológicas. Além disso, o sistema pode constituir um avanço significativo em futuras metodologias de deteção de cancro e outras doenças com base no rastreamento rápido de células individualizadas", conclui Joana Paiva, atual diretora de tecnologia da 'spin-off' iLoF -- intelligent Lab on Fiber, nascida no INESC TEC.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela