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Eanes elogia ação de Balsemão como primeiro-ministro "numa altura de grande crispação"

Lusa 22 de outubro de 2025 às 21:27

O antigo Presidente da República elogiou o papel de Balsemão "na conquista da democracia" e "da liberdade e da independência da comunicação social".

O antigo Presidente da República António Ramalho Eanes elogiou hoje o contributo de Francisco Pinto Balsemão para a democracia, destacando a sua ação como primeiro-ministro "numa altura de grande crispação", que acompanhou enquanto chefe de Estado.
Eanes elogia Balsemão, destacando ação como primeiro-ministro numa altura de grande crispação ANTÓNIO COTRIM/LUSA
Ramalho Eanes compareceu hoje à noite no velório de Francisco Pinto Balsemão, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, acompanhado pela mulher, Manuela Eanes, e falou aos jornalistas à saída da igreja. O antigo Presidente da República elogiou o papel de Balsemão "na conquista da democracia" e "da liberdade e da independência da comunicação social" e na fundação do então PPD, atual PSD, "um partido extremamente importante na altura e ainda hoje". "Como todos os homens, terá tido os seus defeitos e os seus erros, mas acho que a sua ação foi extremamente importante na luta pela democracia, e isso desde os tempos da Ala Liberal, na sua luta por uma democracia mais livre, mais autêntica, mais responsável", declarou. Depois, Ramalho Eanes destacou a ação governativa de Balsemão, recordando o período em que coincidiram como Presidente da República e primeiro-ministro, entre 1981 e 1983. Segundo Eanes, "foi particularmente importante" a ação de Balsemão como primeiro-ministro "numa altura de grande crispação, de grandes dificuldades" em Portugal, "e da qual ele se saiu com sucesso e desenvolveu com patriotismo". O antigo chefe de Estado considerou ainda que Balsemão teve uma ação "notável na libertação e independência da comunicação social" e realçou a criação do Expresso e da SIC. "Acho que se poderia dizer que a ação dele foi uma ação de excelência, e que também se poderá dizer, sem exagero, que ele tem direito a permanecer na memória dos portugueses", concluiu. A seguir, Manuela Eanes quis "sublinhar que o doutor Balsemão teve sempre ao seu lado uma mulher que é um exemplo de dignidade, de espírito de solidariedade, de espírito de família", Mercedes Balsemão, "e que tem uma obra, que como sabem é a SIC Esperança, uma obra importante no aspeto social". Francisco Pinto Balsemão, que assumiu a liderança do PSD e o cargo de primeiro-ministro a seguir à morte de Francisco Sá Carneiro, chefiou o VII e o VIII governos constitucionais, da AD, entre 1981 e 1983. Quando chefiava o VIII Governo Constitucional, o terceiro da AD, Balsemão comunicou a decisão de deixar funções governativas, em setembro de 1982, seis dias após eleições autárquicas, declarando que tinha tomado essa opção "há muito". A demissão do primeiro-ministro levou Eanes a dissolver o parlamento. Ao anunciar a sua decisão, Balsemão defendeu que se tinha atingido entretanto "a plenitude do regime democrático", com marcos como a revisão da Constituição, alcançados "apesar de muita oposição, de muita incompreensão e mesmo de algumas traições". O antigo primeiro-ministro, fundador e militante número um do PSD, do qual também foi presidente, morreu na terça-feira, aos 88 anos. Francisco Pinto Balsemão presidia ao grupo de comunicação social Impresa, do qual fazem parte o Expresso, que fundou ainda durante a ditadura, em 1973, e a SIC, primeira televisão privada em Portugal, criada em 1992. Era membro do Conselho de Estado, órgão político de consulta do Presidente da República.
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