Críticas ao projecto da Câmara para requalificar eixo Saldanha-Picoas
Executivo municipal debateu esta quarta-feira uma empreitada de 9,4 milhões de euros para criar mais zonas de estadia e mais espaço público pedonal
O CDS-PP na Câmara de Lisboa criticou hoje a requalificação que a autarquia pretende iniciar no eixo entre Saldanha e Picoas, argumentando que os munícipes não foram ouvidos e que o projecto terá implicações no trânsito.
Na reunião privada de hoje, o executivo municipal (de maioria PS), debateu a contratação de uma empreitada pelo valor máximo de 9,4 milhões de euros (11,5 milhões incluindo o imposto sobre o valor acrescentando - IVA) para iniciar a requalificação do eixo entre Picoas e o Saldanha, que assenta em mais zonas de estadia e mais espaço público pedonal.
O documento foi aprovado com os votos favoráveis do PS, Cidadãos Por Lisboa (eleitos nas listas socialistas), PSD e PCP e com o voto contra do CDS-PP.
Em declarações à agência Lusa o centrista João Gonçalves Pereira disse entender que a proposta "merecia mais tempo de avaliação, mais discussão e mais ponderação".
"O CDS entende que é positivo que haja uma intervenção no espaço público noutras zonas da cidade que não sejam a frente ribeirinha e o casco velho [...], mas isso não quer dizer que se aprove, à pressa, uma proposta de uma intervenção que os lisboetas não conhecem e sobre a qual não tiveram oportunidade de se pronunciar", salientou.
De acordo com o autarca, a intervenção, desenvolvida no âmbito do programa "Uma praça em cada bairro", "vai colocar enormes problemas de congestionamento e terá um enorme impacto no trânsito".
Isto porque, continuou, está em causa uma redução de 140 lugares de estacionamento na Avenida da República e no Saldanha, bem como a eliminação de faixas laterais nas avenidas da República e Fontes Pereira de Melo, para darem lugar a ciclovias e a passeios mais alargados.
João Gonçalves Pereira adiantou que o partido "está a ponderar todas as formas políticas para promover o debate que não existiu".
Fernando Seara, do PSD, salientou que "é evidente que a requalificação obrigará, a curto e médio prazo, avançar para a criação de um túnel na zona do Saldanha", construção que "será compatível" com a presente empreitada.
Já o comunista João Ferreira referiu que as medidas para retirar os carros destas zonas "não podem ser desassociadas de outra intervenção, de carácter de mobilidade", que passa por "melhorar a qualidade do serviço dos transportes públicos".
Além desta intervenção, estão previstas obras nos largos da Graça e de Santos e na Rua de Campolide, com um custo de cinco milhões de euros (mais de seis milhões com IVA), proposta que também foi debatida. PCP, PS e Cidadãos por Lisboa votaram a favor, enquanto CDS-PP e PSD votaram contra.
O social-democrata Fernando Seara justificou o voto contra dos sociais-democratas com "questões relacionadas com o estacionamento, por não haver alternativas na zona" previstas no projecto.
Estiveram também em discussão duas propostas, que foram aprovadas por unanimidade, para a contratação de empreitadas de reabilitação dos arruamentos e estruturas de saneamento nas zonas ocidental e oriental de Lisboa.
As obras, integradas no Plano de Pavimentação apresentado em Julho, estão orçadas em oito milhões euros (perto de 10 milhões com IVA) e têm um prazo máximo de um ano para execução.
Foi ainda aprovada, por unanimidade, a cedência do piso térreo do antigo Cinema Europa à Junta de Freguesia de Campo de Ourique, assim como a transferência de uma verba de 675 mil euros, encarregando esta autarquia de realizar as obras do espaço cultural.
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