Secções
Entrar

Covid-19: Enfermeiros acusam lar de Reguengos de Monsaraz de "falhar compromisso"

12 de agosto de 2020 às 13:21

"Parece já não haver interesse da fundação para contratar enfermeiros", diz sindicato. 18 pessoas morreram devido ao surto de Covid-19 na instituição. Lar está a ser investigado pelo MP.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) acusou hoje a fundação que gere o lar de Reguengos de Monsaraz (Évora), onde um surto decovid-19provocou 18 mortos, de "falhar o compromisso" para a contratação de profissionais.

"Estamos muito apreensivos, porque parece já não haver interesse da fundação para contratar enfermeiros", afirmou Celso Silva, da Direção Regional do Alentejo do SEP, em declarações à agência Lusa, na sequência de um comunicado divulgado pelo sindicato.

O dirigente sindical indicou que a Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS) comprometeu-se, numa reunião com o SEP, realizada em 20 de julho, a enviar para o sindicato "uma proposta com as condições de contratação para enfermeiros a tempo inteiro".

A reunião foi pedida pelo SEP depois de terem sido divulgadas dificuldades na contratação de enfermeiros pelo presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, que também preside ao conselho de administração da FMIVPS.

Segundo Celso Silva, o conselho de administração da FMIVPS reconheceu então que "teria de ter enfermeiros a tempo inteiro no seu quadro de pessoal para poder responder às necessidades dos utentes do lar".

"Tendo em conta as declarações públicas do presidente da fundação, que disse que o referencial para a contratação de enfermeiros a tempo inteiro seria o da tabela salarial do Serviço Nacional de Saúde (SNS), concordámos e ficámos a aguardar", disse.

"Mas nada chegou. Enviámos dois ofícios e estão sempre a adiar, dizendo que vão enviar, mas o que é certo é que não enviaram nada", acrescentou o dirigente do SEP, aludindo à proposta com as condições para a contratação de enfermeiros.

Celso Silva questionou "se de facto a FMIVPS quer ou não quer contratar enfermeiros a tempo inteiro" e se as declarações de José Calixto, presidente da câmara e da fundação, sobre as dificuldades de contratação de profissionais e as condições do contrato "são para levar a sério ou não".

O sindicalista disse que há enfermeiras que têm como serviço principal o SNS que estão a assegurar "algumas horas" no lar da FMIVPS, considerando que essa condição "não invalida" a contratação de profissionais a tempo inteiro.

No total, este surto, que já foi considerado como resolvido pela Autoridade de Saúde, provocou 162 casos de infeção, a maior parte no lar (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 doentes (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).

Na semana passada, foram conhecidas as conclusões de uma auditoria feita pela Ordem dos Médicos (OM).

No relatório, ao qual a agência Lusa teve acesso, a comissão da OM que realizou a auditoria disse que o lar da FMIVPS não cumpria as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS) e apontou responsabilidades à administração, à Autoridade de Saúde Pública e à Administração Regional de Saúde.

A Procuradoria-Geral da República adiantou à Lusa, na sexta-feira, que foi instaurado um inquérito sobre o surto de covid-19 neste lar e que está a analisar o relatório da OM.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela