Secções
Entrar

Covid-19: Conselho das Escolas diz que é "errado" dar metade das aulas presenciais

22 de maio de 2020 às 16:00

No final do ano, perante os mesmos exames nacionais, "haverá alunos que neste terceiro período terão o dobro das horas de aulas do que os seus colegas".

O Conselho das Escolas considera "profundamente errada" a medida que permite às escolas dar apenas metade das aulas presenciais previstas nos horários dos alunos do 11.º e 12.º anos, por aprofundar desigualdades entre estudantes que vão realizar exames nacionais.

"No final do ano, perante os mesmos exames nacionais, haverá alunos que neste terceiro período terão o dobro das horas de aulas do que os seus colegas. Acho que isto foi uma medida profundamente errada e espero que não tenha consequências graves", alertou hoje o presidente do Conselho das Escolas (CE), José Eduardo Lemos, durante a audição parlamentar na Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto.

José Eduardo Lemos referia-se aos estudantes do 11.º e 12.º anos que, na segunda-feira, retomaram as aulas presenciais, depois de dois meses de ensino à distância devido à pandemia de covid-19.

Uma das regras definidas pelo Governo para o regresso às escolas destes alunos foi a possibilidade de os diretores poderem reduzir até 50% a carga letiva das disciplinas lecionadas em regime presencial, ficando o restante tempo para momentos de trabalho autónomo.

Para o presidente do CE, esta medida veio "aprofundar as desigualdades", uma vez que "haverá alunos que terão o dobro das aulas", o que se "reveste de alguma gravidade".

"Do meu ponto de vista, a falta de equidade de algumas medidas implementadas vai ajudar a cavar mais profundamente as desigualdades dos alunos perante os exames nacionais e que já foram agravadas por terem ensino à distância", alertou José Eduardo Lemos, durante a audição a pedido do grupo parlamentar do PSD.

O presidente do CE defendeu que o Ministério da Educação deveria ter estabelecido a mesma regra da carga horária das disciplinas para todas as escolas.

Na avaliação que fez sobre todo o processo de adaptação das escolas à pandemia de covid-19, José Eduardo Lemos considera que houve dois momentos: uma primeira fase em que "a única falha foi não se ter garantido o acesso a todos", por falta de equipamentos ou rede e uma segunda fase em que houve algumas falhas de comunicação. 

"Houve um primeiro momento, anterior a 13 de abril, em que a ação educativa e as medidas políticas tomadas foram bastante positivas, mesmo que não tivesse sido possível garantir a todos os alunos os meios e equipamentos necessários para aceder as aulas remotas, parece-me que foram medidas positivas, porque num tão curto espaço de tempo seria impossível fazer melhor", defendeu.

O presidente do órgão consultivo do Ministério da Educação lamentou não se ter conseguido garantir a todos as condições para aceder às aulas à distância, mas também reconheceu que "era difícil fazer melhor".

Depois, numa segunda fase, criticou algumas das orientações do Ministério da Educação, considerando que houve falhas na comunicação com as escolas e comunidades educativas, mas reconheceu que os responsáveis do Ministério estiveram sempre disponíveis para discutir os problemas e tentar encontrar soluções.

Durante a audição, também os porta-vozes das duas estruturas que representam os diretores escolares - ANDE e ANDAEP - saudaram hoje a disponibilidade dos secretários de Estado e do ministro da Educação durante este processo.

Portugal contabiliza 1.289 mortos associados à covid-19 em 30.200 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

O Governo aprovou novas medidas que entraram em vigor na segunda-feira, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela