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Ciganos portugueses sentem-se discriminados na procura de habitação

06 de abril de 2018 às 13:27

O relatório "Uma preocupação persistente: a romafobia é um obstáculo à integração de ciganos" destaca as desigualdades que afectam os ciganos da Europa.

Portugal é o país onde os ciganos mais se queixam de discriminação na procura de habitação, num conjunto de nove países europeus analisados num relatório da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA).

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Foto: Pedro Catarino/Cofina Media
Foto: Eduardo Martins/Cofina Media

O documento divulgado esta sexta-feira, dois dias antes da comemoração do Dia Internacional dos Ciganos, avalia a discriminação dos ciganos em nove países (Bulgária, Croácia, República Checa, Grécia, Hungria, Portugal, Roménia, Eslováquia e Espanha) onde vivem cinco dos seis milhões de ciganos da União Europeia.

O relatório recorre a dados recolhidos através de inquéritos, realizados em 2011 e 2016 junto de 34.000 pessoas, para analisar a evolução em indicadores relativos a condições de vida, educação e desemprego jovem.

No que diz respeito à discriminação sentida pelos ciganos que procuram casa, Portugal obteve o pior resultado nos dois anos e aumentou esta taxa entre 2011 e 2016 (de 67% para 75%). O mesmo aconteceu na República Checa (52% para 65%) e em Espanha (35% para 45%).

O relatório "Uma preocupação persistente: a romafobia é um obstáculo à integração de ciganos" destaca as desigualdades que afectam os ciganos da Europa.

Um em cada três ciganos é vítima de assédio e as condições de vida dos ciganos da UE não se alteraram significativamente entre 2011 e 2016: 80% dos ciganos estão em risco de pobreza, face à média comunitária de 17% e 30% vivem em casas sem água canalizada.

O acesso à água potável está muitas vezes ao nível das populações do Gana ou do Nepal, adianta ainda o documento.

A discriminação sentida na procura de emprego evidencia outro dos grandes desafios que os Roma enfrentam no mercado laboral e sofreu um aumento percentual na Croácia e em Portugal (13 e 18 pontos percentuais, respectivamente).

Em termos da percepção de discriminação no local de trabalho, a taxa aumentou na Grécia, Roménia, Eslováquia e Portugal sendo o país onde mais avançou, passando de 15% para 40%

O assédio devido à origem étnica foi reportado por 94% dos homens ciganos residentes em Portugal, 93% na Grécia e 90% na Croácia.

A taxa de abandono precoce da educação e formação foi também particularmente elevada em Portugal em 2016 (92 % e 90 %, respectivamente).

O número de crianças ciganas integradas em turmas totalmente ciganas, revelador do fenómeno de segregação na educação, aumentou globalmente em todos os países, com destaque para a Bulgária (16% para 29%) e Portugal (3% para 11%).

Em termos de saúde, quase todos os inquiridos em Portugal, Eslováquia e Espanha afirmaram estar cobertos por assistência médica.

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