"Cheguei a pensar que ia cair no meu quintal"
A queda da aeronave matou os quatro passageiros e um condutor de um camião que fazia descargas
Ana Rodrigues, habitante de Tires, estava a estender a roupa quando começou a ver uma aeronave que "dava piruetas no ar" de uma forma pouco habitual. "Continuou a rodar e cheguei a pensar que ia cair no meu quintal, a direcção era essa. Agarrei nos meus filhos e fugi para dentro", relatou, horas depois da queda da avioneta que vitimou cinco pessoas e provocou quatro feridos esta segunda-feira, em Tires.
Ana Rodrigues mora a cerca de cem metros do local do acidente e diz ter ouvido vários estrondos, quando despontavam as chamas no parque de descargas do supermercado Lidl e da habitação atingida pelo incêndio provocado pela queda do avião onde seguiam quatro pessoas.
A queda do avião dominavam todas as conversas na zona, quando dezenas de pessoas ainda tentavam ver, de longe por causa do cordão policial, as operações de rescaldo que se prolongam durante a tarde. Junto à barreira de segurança, Ana Batalha, outra das moradoras de Tires, inquietava-se com o fumo que se erguia do local do acidente, ainda sem saber se a escola primária do filho teria que ser evacuada.
"O meu medo maior foi que tivessem que evacuar a escola e não conseguissem avisar os pais", admitiu. Ana Batalha revelou ainda que este tipo de acidentes eram já uma preocupação antiga dos moradores. "As pessoas preocupam-se sempre e hoje aconteceu uma grande desgraça", afirmou.
Francisco Benvinda, que trabalha a poucos metros do local, ouviu o mesmo "estrondo enorme" antes de sair à rua e ver a enorme coluna de fumo negro que se levantou. O homem de Tires revela à agência Lusa que está "sempre à rasca, sempre com medo", apesar de os aviões serem uma constante para quem mora em torno do aeródromo.
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