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Catarina Martins rejeita "lugar simbólico" porque partido mudou a política

09 de março de 2019 às 20:24

No comício comemorativo dos 20 anos do Bloco de Esquerda, a coordenadora afirmou que o partido sempre rejeitou ser "uma flor na lapela da política domingueira".

A coordenadora bloquista, Catarina Martins, afirmou este sábado que o BE sempre rejeitou "um lugar simbólico" ou ser "uma flor na lapela da política domingueira", defendendo que o partido, ao longo dos 20 anos, mudou o país e a política.

No comício comemorativo dos 20 anos do BE, cuja fundação aconteceu em 28 de fevereiro de 1999, Catarina Martins percorreu as "lutas plurais, emancipadoras e urgentes" do partido que não aceita "a rendição ao liberalismo" nem se conforta com a proclamação das suas razões.

"Desde o primeiro dia que nos dizem que o melhor seria que a esquerda se contentasse em ser simbólica, um lugar simbólico no parlamento, um lugar simbólico nas eleições, um lugar simbólico na vida, uma flor na lapela da política domingueira. Estão desde sempre enganados, somos força, somos luta, somos convicção e somos raiz", avisou.

Para a líder bloquista, o BE não é simbólico quando defende "quem vive do seu trabalho", quando combate a precariedade, quando luta pela contratação coletiva ou pelos direitos de quem trabalha por turnos.

"Há 20 anos, em Portugal, entre marido e mulher não se metia a colher, morria-se em abortos de vão de escada, gays e lésbicas só no armário. De racismo não se falava, porque não combina com os livros de história. A toxicodependência era tratada com prisão, do ambiente quase não se tratava, o cavaquismo batizava os eucaliptos de petróleo verde e no parlamento reinava o cinzentismo formal", enquadrou.

Na opinião de Catarina Martins, o BE foi à luta e por isso vive-se "hoje num país diferente".

"Mudámos o país e a política, construímos, acrescentámos luta à luta, aprendemos com cada derrota e sabemos da luta em cada vitória", sublinhou, reafirmando o BE como um partido anticapitalista, socialista, eco-socialista, feminista, anti-racista e internacionalista.

Apesar do caminho percorrido, a coordenadora do BE admite que "está tudo por fazer" e que o BE precisa "de mais força".

"As mortes das mulheres não são simbólicas, o protesto contra as mortes também não é simbólico. As sentenças vergonhosas dos Netos Mouras desta vida não são simbólicas", atirou.

A voz em defesa das mulheres não é uma queixa, "é um trovão", avisou Catarina Martins, considerando que vai ser possível "mudar a justiça, mudar a cultura, criar igualdade e respeito".

"Chega de acordos nunca cumpridos, é tempo da mudança: descarbonização da economia, reconversão energética, da indústria e dos transportes, empregos para o clima", elencou, lembrando assim as linhas programáticas que o partido defenderá nas eleições deste ano.

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