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BE diz que há sobrelotação no internamento do Sta. Maria

14 de fevereiro de 2018 às 13:43

O administrador do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Carlos Martins, também admitiu problemas com enfermeiros especialistas.

O Bloco de Esquerda aludiu hoje a uma sobrelotação constante nos internamentos no hospital de Santa Maria, em Lisboa, com dezenas de doentes internados em macas e taxas de internamento que ultrapassam os 100%.

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Foto: Cofina Media
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"A taxa de internamento no hospital de Santa Maria é na ordem dos 130% nos serviços de medicina, com utentes internados em macas. E não é só no pico da gripe, é sempre", afirmou o deputado do BE Moisés Ferreira, na comissão parlamentar de Saúde.

O administrador do hospital, Carlos Martins, admitiu que a taxa de ocupação do hospital ultrapassa os 100%, com todas as camas ocupadas, mas lembrou que tem hoje 139 doentes a aguardar uma vaga em instituições sociais ou na rede nacional de cuidados continuados.

"Temos 101% de taxa de ocupação na manhã de hoje. Tínhamos as 1.110 camas ocupadas. Mas a saúde move-se por vasos comunicantes", afirmou, indicando que entre 12 a 15 por cento da capacidade de resposta do hospital está ocupada por casos sociais ou pessoas que aguardam vaga noutras instituições sociais.

Carlos Martins reconheceu ainda que o hospital precisa de mais camas na área da medicina, sobretudo tendo em conta o perfil etário dos doentes, que se foi modificando.

"Mas ainda recentemente toda uma ala de internamento de cirurgia geral esteve afecta à medicina, bem como camas de otorrino", disse.

Para o administrador do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, onde se integra o Santa Maria, o essencial "é ter os doentes devidamente instalados e devidamente acompanhados".

"Quando há [doentes em] macas, estão em corredores de internamento e estão com a dignidade possível a aguardar uma cama", indicou.

Depois das respostas de Carlos Martins, o deputado Moisés Ferreira insistiu que as indicações que o seu partido tem relativas a terça-feira à tarde apontam para cerca de 70 pessoas dos serviços de medicina internadas em macas.

Carlos Martins foi hoje ouvido na comissão parlamentar de Saúde, precisamente a pedido do Bloco de Esquerda, sobre "o encerramento de 54 camas de agudos no hospital Pulido Valente", que também integra o Centro Hospitalar de Lisboa Norte.

O presidente da administração do Centro Hospitalar rejeitou qualquer encerramento de camas: "Queria deixar claro que não foram encerradas 54 camas, ponto final".

Segundo Carlos Martins, forma "deslocalizadas 30 camas" da ala sul do Pulido Valente para a ala norte, enquanto outras 24 camas foram "relocalizadas para o hospital Santa Maria".

"Essas 54 camas estão activas", insistiu, considerando ainda que a actividade do Pulido Valente tem aumentado.

De acordo com os dados fornecidos aos deputados, o Pulido Valente tinha 16 especialidades quando abriu e tem no momento 20 especialidades. Quanto ao bloco operatório, era usado por cinco especialidades e, no momento, é utilizado por nove.

Carlos Martins referiu ainda que, em 2015, foi criado no Pulido Valente o departamento do tórax, com cirurgia torácica, e que em 2016 abriram as consultas de psiquiatria e no ano passado a pedopsiquiatria.

Sta.Maria aguarda autorização para contratar enfermeiros especialistas
Dezassete enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia vão abandonar o hospital Santa Maria, confirmou hoje o administrador do maior hospital do país, indicando que aguarda autorização das Finanças para contratar oito destes profissionais.

O administrador do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Carlos Martins, admitiu problemas com enfermeiros especialistas, que começaram com um movimento de protesto desses profissionais no Verão passado, que deixaram de cumprir funções especializadas pelas quais não eram pagos.

Depois deste movimento, segundo Carlos Martins, abriu um concurso de contratualização interno no Serviço Nacional de Saúde a partir de Novembro, levando alguns enfermeiros a optarem por concorrer e a preferirem ir trabalhar para os cuidados primários de saúde.

"Houve um período de seis meses em que tivemos sistematicamente de fazer reprogramação e procurar garantir a segurança da mulher e dos doentes à nossa responsabilidade", reconheceu o administrador.

No total, vão sair do hospital Santa Maria, em Lisboa, 17 enfermeiros especialistas, segundo os dados fornecidos por Carlos Martins hoje aos deputados, sendo que alguns optaram por aceitar convites de unidades privadas.

O Santa Maria contratou um total de 560 horas semanais em prestação de serviço e aguarda a autorização do Ministério das Finanças para contratar oito enfermeiros por tempo indeterminado, ou seja, com vinculação ao quadro.

O administrador do hospital disse ainda que até Junho o Santa Maria precisará provavelmente de mais sete enfermeiros, a acrescer aos oito em relação aos quais ainda aguarda autorização das Finanças.

"Temos todo o apoio da tutela [Ministério da Saúde], mas esses pedidos têm de seguir para o Ministério das Finanças", indicou Carlos Martins, acrescentando que espera rapidez das Finanças relativamente ao pedido de oito contratos que já foi feito.

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