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Base das Lajes. As vítimas portuguesas do shutdown americano
Centenas de trabalhadores da Base das Lajes estão com salários em atraso e pedem a ação do Governo. Portugueses recebem vencimentos abaixo do salário mínimo e são alvos de despedimentos, que dependem "do humor dos comandantes".
Cerca de 420 trabalhadores portugueses da Base das Lajes, nos Açores, que estão ao serviço dos norte-americanos, estão a ser afetados pela paralisação do governo dos Estados Unidos (shutdown), que dura já há quase um mês.
Trabalhadores portugueses da Base das Lajes sofrem com salários em atraso devido a shutdown americano
DR
Trabalhadores com vencimentos abaixo do salário mínimo
Não bastava agora os portugueses estarem com os salários em atraso, também o seu valor situa-se abaixo do salário mínimo nacional (€870), e do salário mínimo em vigor nos Açores (€913,50). "Há décadas, os salários na Base das Lajes eram o dobro. Neste momento, são inferiores a €870 e €913, isto porque a tabela salarial não é revista há 30 anos", lamenta Vítor Silva. Além disso, o sindicalista lamenta o facto de os trabalhadores não terem "um plano de segurança e saúde no trabalho obrigatório".Despedimentos em massa
Os despedimentos têm também acompanhado toda esta situação. Segundo Vítor Silva, devem-se ao facto de os Estados Unidos quererem reduzir gastos. "Os despedimentos têm acontecido em dimensões significativas e tudo depende do bom humor dos comandantes. Isto nunca aconteceu. No final da década de 60 trabalhavam três mil portugueses. Neste momento, trabalham 400 efetivos." E continua: "Os norte-americanos pretendem fazer mais com menos. Ou seja, reduzem as despesas com encargos e mantêm as mesmas condições". Para o sindicalista, tudo isto faz com que "exista uma grande instabilidade". "Os trabalhadores têm receio que possa vir a acontecer mais despedimentos. Estamos a falar de uma ilha onde os postos de trabalho não abundam." Critica, por isso, a inação de Portugal. "O Estado português tem uma base militar que pelo que sei ainda é sua, mas deixa o outro Estado mandar. Isto não tem sentido."Queixas só dão entrada em tribunal mais de um ano depois
Há até quem já tenha tentado recorrer ao tribunal para contestar toda esta situação, mas primeiro que a queixa dê entrada neste órgão demora no mínimo "1 ano e seis meses", devido ao "regime especial, com base no acordo de cooperação entre Portugal e os Estados Unidos", a que estes trabalhadores estão sujeitos. Além disso, "mesmo que o tribunal dê razão aos trabalhadores, a sentença poderá nunca ser aplicada porque, para isso, tem de haver uma decisão unânime da Comissão Laboral e Bilateral". "Os Estados Unidos podem nunca pagar as indemnizações." Isto significa que os trabalhadores portugueses saem sempre "penalizados". "Outros podem recorrer ao tribunal , mas na Base das Lajes não funciona assim. Os trabalhadores têm de apresentar queixa ao chefe, depois ao chefe do chefe, e depois ao chefe do chefe do chefe. Só para um trabalhador obter uma resposta leva, no mínimo, um ano e seis meses."Artigos Relacionados
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