Secções
Entrar

Aborto volta a baixar em 2016

07 de dezembro de 2017 às 12:23

Trabalhadoras não qualificadas foram a categoria que predominou entre as mulheres que realizaram uma interrupção da gravidez em 2016, pela primeira vez.

As trabalhadoras não qualificadas foram a categoria que, pela primeira vez, predominou entre as mulheres que realizaram uma interrupção da gravidez em 2016, procedimento que voltou a baixar nesse ano.

De acordo com o relatório dos registos das interrupções da gravidez (IG), divulgado pela Direcção Geral da Saúde (DGS), em 2016 voltou a diminuir o número de IG: 15.959 (16.028 em 2015).

Deste número, as IG por opção da mulher nas primeiras dez semanas constituem cerca de 96,6% do total das intervenções realizadas, seguindo-se a "grave doença ou malformação congénita do nascituro" (2,77%) e outras.

A categoria das "trabalhadoras não qualificadas" aumentou, tendo sido a predominante nesse ano (21,31%) e ultrapassado, pela primeira vez, a de "desempregado" (18,62%). Em terceiro lugar surge a categoria de "estudante", com 15,96% das IG realizadas em 2016.

Sobre o grau de instrução, o documento indica que mais de um terço (39,6%) das mulheres tem o ensino secundário, 25,1% o terceiro ciclo do ensino básico, 23,5% o ensino superior e 9% o segundo ciclo do ensino básico.

Trinta e cinco mulheres referiram não saber ler nem escrever, ou seja 0,2% do total das mulheres que fizeram IG em 2016.

O documento indica que o número de IG em mulheres de nacionalidade estrangeira diminuiu no ano passado (18,3% em 2015 e 17,7% em 2016).

Entre as mulheres de nacionalidade estrangeira que realizaram IG em Portugal, as de origem cabo-verdiana foram as que mais recorreram a este serviço (3,85%), seguindo-se as brasileiras (2,46%), as angolanas (2,11%), as guineenses (1,20%), as são-tomenses (0,90%), as romenas (0,75%), as ucranianas (0,65%) e as chinesas (0,56%).

Por idades, o grupo etário entre os 20 e os 24 anos foi o que mais IG praticou, seguindo-se o situado entre os 25 e os 29 anos e, em terceiro lugar, o grupo entre os 30 e os 34 anos.

Em relação à distribuição das interrupções por regiões de saúde, estas foram mais frequentes na região de Lisboa e Vale do Tejo (55,09%) e no Norte (23,53%).

Neste período, 49,5% das mulheres que efectuaram uma IG nas primeiras 10 semanas de gestação, por opção, referiram ter um a dois filhos e 43% não tinham filhos. Estes dados são muito semelhantes aos verificados em anos anteriores. (Quadro 12).

Entre as mulheres que realizaram uma IG em 2016, 233 (1,5%) tinham tido um parto nesse mesmo ano (1,5%).

Segundo o relatório, "entre as mulheres que efectuaram uma IG em 2016, 70% nunca tinham realizado anteriormente uma interrupção, 21,7% realizaram uma, 5,9% tinham realizado duas e 2,4% já tinham realizado três ou mais no decorrer da sua idade fértil".

"Das interrupções realizadas durante 2016, 260 (1,7%) ocorreram em mulheres que já tinham realizado uma IG nesse ano", lê-se no documento.

Os autores referem que 72,2% das IG por opção da mulher realizadas no ano passado foram feitas em unidades oficiais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o que constitui "um aumento de cerca de 0,8% relativamente a 2015".

O relatório acrescenta que, em relação às IG realizadas em instituições do SNS, 55,7% decorreram do acesso directo das mulheres à consulta hospitalar (iniciativa própria), 33,9% tiveram uma referenciação prévia dos cuidados de saúde primários (encaminhamento do centro de saúde) e 4,6% resultaram do encaminhamento de outras unidades hospitalares públicas.

Em relação a 2015, diminuiu ligeiramente o número de mulheres que recorreram à consulta de IG por iniciativa própria.

No que diz respeito às unidades privadas, a percentagem de mulheres encaminhadas por unidades hospitalares públicas e pelos cuidados de saúde primários foi de 21% e 53%, respectivamente. Tal significa que "aumentou consideravelmente o encaminhamento pelos centros de saúde com consequente diminuição do encaminhamento por hospitais públicos".

"Procuraram estas unidades por iniciativa própria e não ao abrigo de encaminhamento do SNS 24,3% das mulheres", adiantam os autores.

Em 2016, 71,7% das IG por opção da mulher foram realizadas pelo método medicamentoso e 27,2% pelo método cirúrgico.

"Nas unidades do SNS, a grande maioria das interrupções (98,3%) foi realizada utilizando o método medicamentoso, tendo aumentado 0,3% comparativamente a 2015", lê-se no relatório.

Já em relação às unidades privadas, a quase totalidade das interrupções foram realizadas pelo método cirúrgico (97,1%), tendo aumentado 0,8% em relação a 2015.

A esmagadora maioria (94,5%) das mulheres que realizou um IG por opção escolheram, posteriormente, um método de contracepção.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela