Há causas melhores do que andar a pintar monumentos
Acalmemo-nos um pouco, o Padrão dos Descobrimentos não é a mesma coisa do que a Torre de Belém. É um pastiche monumental servindo a iconografia dos descobrimentos, do colonialismo e do império, por esta ordem, sem especial valor artístico. Mas mesmo assim devia ter sido deixado em paz.
Há modas que são terríveis distracções de coisas mais importantes. Admito que a pichagem do Padrão dos Descobrimentos até não seja o melhor exemplo, a vandalização do monumento ao Padre António Vieira é mais significativa, mas representa a pior maneira de levar a sociedade portuguesa a reflectir sobre a experiência colonial. A pichagem em inglês é bizarra, e não é só a língua que é estranha, é o próprio conteúdo. Não tem a frontalidade brutal da propaganda política, é metafórica e meio poética, e seria muito pouco eficaz como mensagem se não estivéssemos nos tempos em que estamos. Por quem foi escrita? Por um qualquer intelectual inglês ou americano, ou por um português que faz parte dos que vão a manifestações com cartazes em inglês? A frase tem alguma sofisticação e não se percebe bem a quem seja dirigida. Não é às “massas”, que não a entendem ou lhe são indiferentes, nem é aos politizados de esquerda e direita para quem é complicada demais para resultar. Presumo que não será uma provocação, feita pela direita para encravar a esquerda. Não é impossível, mas é pouco provável. Deixem o Padrão em paz
Há causas melhores do que andar a pintar monumentos
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O espaço lusófono não se pode resignar a ver uma das suas democracias ser corroída perante a total desatenção da opinião pública e inação da classe política.
O regresso de Ventura ao modo agressivo não é um episódio. É pensado e planeado e é o trilho de sobrevivência e eventual crescimento numa travessia que pode ser mais longa do que o antecipado. E que o desejado. Por isso, vai invocar muitos salazares até lá.