Sábado – Pense por si

Rui Miguel Tovar
Rui Miguel Tovar Jornalista
12 de setembro de 2016 às 12:35

12 de Setembro (1953): Licker, o primeiro profissional

No Sporting, por exemplo, dois dos Cinco Violinos (Travassos e Vasques) são sócios da mesma empresa e o guarda-redes Carlos Gomes é empregado do comércio. No Benfica, o goleador José Águas é estudante e o extremo Arsénio torneiro-mecânico

Antes da revolução de 1974, o futebol português está entregue aos clubes sem dar cavaco a quem corre os 90 minutos. É a chamada Lei da Opção em que os jogadores não têm opção de escolher o futuro no final do contrato. Os dirigentes, esses artistas, é que comandam as operações. Para além disso, os jogadoresdescontam para o fundo de desemprego mas são considerados amadores. Uma subtil ironia de outros tempos. No Sporting, por exemplo, dois dos Cinco Violinos (Travassos e Vasques) são sócios da mesma empresa e o guarda-redes Carlos Gomes é empregado do comércio. No Benfica, o goleador José Águas é estudante e o extremo Arsénio torneiro-mecânico. No FC Porto, o guarda-redes Barrigana é corticeiro e o avançado-centro Monteiro da Costa funcionário municipal. No Belenenses, a oitava maravilha Matateu é empregado de escritório e o guarda-redes Sério funcionário corporativo. Em Espanha, nesse tempo, qualquer futebolista já é profissional e ganha cinco contos por mês. Por isso mesmo, o Belenenses é um clube pioneiro com a contratação do extremo-esquerdo húngaro Licker. Eis o primeiro profissional da bola em Portugal. Nota: estamos em 1953. Licker entra no nosso país no ano anterior, para o Atlético, onde marca cinco golos em três jogos seguidos (Boavista 6-1, Porto 1-1 e Covilhã 5-0). É seduzido pelo Belenenses, onde marca aos pares numa vitória sobre a Académica, em Coimbra (5-2). Quem também bisa nessa tarde é Matateu. Que continua a trabalhar no escritório e a jogar como amador.

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