Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
06 de agosto de 2018 às 09:00

Turistas e viajantes

O turista gosta de comodidade e vai sempre na perspectiva de regressar; o viajante gosta de aventura e vai sempre na possibilidade de ficar. Em mistura de preguiça militante e mariquice incurável, sou uma espécie de Dalai Dama dos turistas.

Há dois tipos de pessoas: os viajantes e o turistas. Em O Céu Que Nos Protege (1949), uma das melhores primeiras novelas de sempre, Paul Bowles explicava, a propósito do seu protagonista, Port Moresby: "A diferença é em parte temporal. Enquanto o turista se apressa a regressar a casa ao fim de algumas semanas ou meses, o viajante, não pertencendo mais a um local do que a outro, move-se devagar, ao longo de períodos de anos, de uma região da Terra para outra..." O livro foi escrito em 1949, quando viajar era um privilégio exclusivo dos ricos ou dos loucos e a palavra "descoberta" ainda conservava alguma força ontológica. Hoje, se bem que permaneça uma actividade inacessível a largas faixas da população, viajar é um exercício democratizado graças a conquistas civilizacionais recentes (o subsídio de férias), à hipótese de pagamento a prestações ou a crédito e à mundanização dos voos low-cost. Porém, no essencial, a dicotomia existencialista de Bowles mantém-se: o turista gosta de comodidade e vai sempre na perspectiva de regressar; o viajante gosta de aventura e vai sempre na possibilidade de ficar.

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