Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
30 de janeiro de 2022 às 10:00

Teoria do caos

Após meses desperdiçados na preparação do voto, a quarentena de um quinto dos eleitores reforça a preguiça e o receio de votar, acelerando a primeira das forças políticas: a abstenção. Ela não é o elefante na sala: é um paquiderme digno da Idade do Gelo demográfica que nos aguarda. Há então algum motivo para a esperança?

APROXIMAMO-NOS do caos em passo decisivo. Às 23 horas de dia 30 já teremos uma medida provável do desvario. O caos manifesta-se no mundo natural, com os freios e contrapesos do desenho evolucionista. No fim, o equilíbrio é atingido. Talvez possamos esperar o mesmo dos freios e contrapesos no mundo antinatural. Na vida partidária portuguesa, a dúvida espreita por todos os cantos em véspera de legislativas: nas mesas de voto (quase um milhão de habitantes em confinamento, mas com lógica via verde para as portagens democráticas); nas propostas dos candidatos (do negacionismo ao animismo, há de tudo); na probabilidade do Chega como terceira força (imaginem a sapiência de dezena e meia dos soldados rasos de Ventura no hemiciclo). É mais fácil acertar na idade de Lili Caneças do que no resultado destas eleições. E, no entanto, não é o caos um ponto de partida para a conciliação, o compromisso? Não é essa a prática em democracias bem mais maduras do que a nossa, como a britânica ou a alemã?

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