Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
10 de janeiro de 2017 às 08:00

Facilidades

Em Portugal desconfia-se de coisas mesquinhas como a felicidade, e não há nada como a melancolia para extasiar os intelectos

Logo que foi anunciado o desaparecimento de George Michael (devia ser proibido ir desta para pior aos 53 anos), os juízes do bom gosto, na opinião escrita ou berrada, apressaram-se a sublinhar a distinção entre um cantor de temas "fáceis" e a gravitas de génios como Leonard Cohen, David Bowie ou Prince. Não vou contestar o brilhantismo do trio – cujo belo contributo meteorológico para a paisagem sonora da minha adolescência já aqui descrevi –, mas os misantropos que continuam a encher a boca de desdém com palavras como "fácil" ou "ligeiro" são os que nunca passaram da crítica à práxis, não fazendo portanto a mais pequena ideia do talento necessário para três minutos de "entretenimento".

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Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.