Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
05 de maio de 2014 às 12:53

Exportação aos emigrantes

O jornalista e argumentista Pedro Marta Santos aproveita o Dia do Trabalhador para falar dos portugueses que foram forçados a emigrar

Sou um amolecido sentimental. Adoro os passarinhos (grelhados na brasa), quero acabar com a fome (de títulos do Boavista, o meu clube desde a infância tripeira) e amo o rosto das crianças (de preferência enquanto fazem birras a milhas de minha casa). Mas não há nada que me comova mais do que a excelência, esse alquímico paroxismo de trabalho e génio. Todos os portugueses excepcionais seduzem pelas centelhas do seu brilho, mas é o labor furioso, obsessivo, apaixonado que os distingue da multidão. São os casos, por exemplo, de Júlio Pomar e Paula Rego na pintura, de António Damásio na neurologia, de Eduardo Lourenço no ensaio, de Souto Moura e Siza Vieira na arquitectura, de Nélson Évora e Francis Obikwelu no atletismo, de Cristiano Ronaldo no futebol. Pomar radicou-se em Paris. Rego vive em Londres há quatro décadas. Damásio esteve nove anos no Iowa, leccionando hoje na University of Southern California. Lourenço fixou residência em Vence, França, há quase meio século. Évora e Obikwelu (nascidos, respectivamente, em Abidjan e Onitsha) foram treinar para Espanha. Ronaldo não trabalha em Portugal há 13 anos. Siza Vieira deu aulas em Bogotá, Lausanne e Harvard, e as suas obras estão espalhadas pela Holanda, Estados Unidos, Coreia do Sul.

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