Depois de nos tosquiar mais um bocadinho com essa obra-prima de suave extorsão que é o Documento de Estratégia Orçamental (DEO), o primeiro-ministro passou pela Ovibeja, onde exortou o gado caprino a relaxar. Afinal, já no dia 14 ele nos tinha jurado que as medidas do DEO não incidiam “em matéria de impostos, salários ou pensões”. E acrescentou: “Não vamos fazer disso um bicho de sete cabeças.” Como sempre, tinha razão. O bicho só tem três cabeças: nos impostos, subida da taxa máxima do IVA; nos salários, aumento dos descontos dos trabalhadores para os sistemas de Segurança Social; nas pensões, substituição da CES por uma “Contribuição de Sustentabilidade” (os assessores do Governo são todos formados em etimologia e semântica). Os que espumam da boca e voltam a berrar por salvadores, é melhor tirarem o cavalinho da chuva.