Sábado – Pense por si

Pedro Marta Santos
Pedro Marta Santos
30 de abril de 2019 às 09:00

A monstruosa perfeição

A perfeição é fascista. Os raros intérpretes que a alcançam - Nijinski, Nureyev, Nadia Comaneci, Katarina Witt - são escravos da solidão e prisioneiros do seu cérebro, porque a exigência da arte que os escolheu não deixa espaço aos outros - não deixa, ironicamente, espaço à vida

Rudolf Nureyev era o bailarino perfeito. Nascido num comboio a caminho da Sibéria - a paixão pelo movimento começou cedo -, passou a infância com fome, nos Urais, depois de a família ser forçada a sair de Moscovo pelos racionamentos no fim da II Grande Guerra. Nureyev não era russo, era tártaro. Desprezava o culto da tragédia. A sobrevivência entusiasmava-o, alimentava-se dela, nesse cruzamento de ternura e brutalidade próprio de um povo conquistador e temido durante séculos. Mas as cicatrizes estavam lá, como a vergonha de ir para a escola com o casaco da irmã Rosa, para não morrer de frio, e ser chamado pelos colegas de "mendigo".

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