Sábado – Pense por si

José Pacheco Pereira
José Pacheco Pereira Professor
12 de janeiro de 2017 às 08:00

Censura

Soares errou muitas vezes, mas tinha uma característica incomum: aquilo que achava que devia fazer, fazia. Não tinha as baias da cobardia que aparece muitas vezes disfarçada de ponderação e de prudência

Nos depoimentos, declarações, artigos e memórias sobre Mário Soares começa a esboçar-se uma espécie de censura ao Mário Soares do seu último combate político: contra a troika, contra o governo de Passos Coelho e contra as sucessivas violações da Constituição em que este era contumaz. Ou seja, a iniciativa da Aula Magna. Soares estava já muito enfraquecido, tinha lapsos de memória, mas sabia muito bem o que queria e era uma máquina de vontade sem hesitações, levando tudo à sua frente, como sempre fizera em toda a sua vida. Telefonava a este e àquele e pude assistir como comentava de forma pouco amável quem se escusava por razões de conveniência ou receio, e foram alguns. Soares detestava tudo aquilo que lhe parecia cobardia política, e essa era uma das distinções que fazia com frequência, entre os que os tinham e os que não tinham.

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