NA SEMANA PASSADA estive em Nairóbi, no Quénia, a convite da ONG inglesa Media Defence, com vários advogados de direitos humanos de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, para debatermos a liberdade de imprensa, a proteção de jornalistas e o caminho para uma comunicação social o mais livre possível nas nossas respetivas jurisdições. Instados pelo organizador – Carlos Gaio, CEO da Media Defence – para falarmos brevemente sobre os principais desafios, enquanto advogados, na proteção de jornalistas, procurei oferecer a perspetiva portuguesa: expus a tendência histórica dos nossos tribunais de valorizar mais o direito à honra e ao bom nome de pessoas com exposição mediática face à liberdade de expressão e de imprensa; do caminho de abertura que tem sido feito pela mão da jurisprudência do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos; da resistência da Administração Pública em dar acesso a informação, forçando os jornalistas a recorrerem aos tribunais que, mais tarde ou mais cedo, costumam decidir em seu favor.