Salgado era o senhor absoluto do mundo que criou nos últimos 30 anos. Todos os políticos, jornalistas, gestores a quem pagou eram empregados seus. Meros prestadores de serviços
Eram 16h38 quando Ricardo Salgado entrou na sala de audiência. Foi no passado dia 22 de janeiro, quase seis anos após a sua queda da condição de todo-poderoso chefe do Grupo Espírito Santo e do respetivo banco, de banqueiro que fazia e desfazia governos, que financiava Presidentes da República e primeiros-ministros, de criador da galáxia de poder que atingiu o zénite entre 2003 e 2014. Em 2003 viu um dos seus primeiros assalariados políticos a chefiar um governo. Depois de ter estado nos governos de Cavaco Silva, Durão Barroso fez a sua travessia do deserto por conta do emprego que Salgado lhe deu no GES. Daí para a frente, com Paulo Portas, Santana Lopes e Sócrates, Ricardo Salgado reinou como quis.
Ao ver os socialistas que apoiam a Flotilha "humanitária" para Gaza tive a estranha sensação de estar a ver a facção do PS que um dia montará um novo negócio, mais alinhado com a esquerda radical, deixando o PS “clássico” nas águas fétidas (para eles) do centrão.
A grande mudança de paradigma na política portuguesa, a favor de contas públicas equilibradas, não acabou com maus hábitos recentes, como vemos este ano.
As declarações do ministro das migrações, Thanos Plevris – “Se o seu pedido for rejeitado, tem duas opções: ir para a cadeia ou voltar para o seu país… Não é bem-vindo” – condensam o seu programa, em linha com o pensamento de Donald Trump e de André Ventura.
Mesmo quando não há nada de novo a dizer, o que se faz é “encher” com vacuidades, encenações e repetições os noticiários. Muita coisa que é de enorme importância fica pelo caminho, ou é apenas enunciada quase por obrigação, como é o caso de muito noticiário internacional numa altura em que o “estado do mundo” é particularmente perigoso