Um numeroso exército na opinião publicada discute o juiz e não essa bizarria de termos uma grande empresa e o seu CEO suspeitos de comprarem um ministro da República
Nos últimos dias tem sido comovente a escrita lacrimejante de colunistas, jornalistas e quejandos por António Mexia. Compreende-se. A EDP e António Mexia, há 14 anos no cargo, um homem que é em si uma sobrevivência do "Ancien Regime" teoricamente caído em 2014 com a derrocada do GES/BES, são vértices de um enorme poder. Para a esmagadora maioria dos media são mesmo um poder quase de vida ou morte, tal é o peso da EDP enquanto investidor publicitário, porventura apenas equiparável ao que antes tinha a PT e, de resto, com os resultados conhecidos no tempo de Sócrates, cujos sicários punham e dispunham do bolo a bel-prazer para premiar amigos e matar inimigos. Mas a vida é o que é e não seria agora que me iria esconder atrás de um biombo de conveniências, por muito legítimas que sejam, para não escrever o que penso.
Ao ver os socialistas que apoiam a Flotilha "humanitária" para Gaza tive a estranha sensação de estar a ver a facção do PS que um dia montará um novo negócio, mais alinhado com a esquerda radical, deixando o PS “clássico” nas águas fétidas (para eles) do centrão.
A grande mudança de paradigma na política portuguesa, a favor de contas públicas equilibradas, não acabou com maus hábitos recentes, como vemos este ano.
As declarações do ministro das migrações, Thanos Plevris – “Se o seu pedido for rejeitado, tem duas opções: ir para a cadeia ou voltar para o seu país… Não é bem-vindo” – condensam o seu programa, em linha com o pensamento de Donald Trump e de André Ventura.
Mesmo quando não há nada de novo a dizer, o que se faz é “encher” com vacuidades, encenações e repetições os noticiários. Muita coisa que é de enorme importância fica pelo caminho, ou é apenas enunciada quase por obrigação, como é o caso de muito noticiário internacional numa altura em que o “estado do mundo” é particularmente perigoso