Sábado – Pense por si

Carlos Rodrigues
Carlos Rodrigues Diretor-Geral Editorial
02 de abril de 2025 às 23:00

Uma eleição, três duelos

Onde se fala do duelo politicamente mortal entre Luís Montenegro e André Ventura, da metamorfose de Pedro Nuno Santos, e da corrida da extrema-esquerda para sobreviver no novo parlamento.

Há três corridas principais na grande maratona eleitoral que se avizinha, uma maratona de apenas 2 meses, mas que já satura os eleitores. São elas: à direita, Luís Montenegro tentará diminuir André Ventura e o Chega, de forma a alcançar uma maioria sólida, eventualmente absoluta, nem que seja com a ajuda dos liberais. Para este grande duelo à direita vai valer tudo. O Governo vai tomar conta dos temas da extrema-direita, vai tentar alargar a sua base eleitoral ao máximo, da forma que lhe for possível. Não faltarão ataques à forma nem ao conteúdo do partido dos 50 deputados. Até agora, a fazer fé nas sondagens, é o primeiro-ministro que está a ganhar este desafio particular, mas nunca fiando. O Chega tem muito pouca densidade política para lá da figura do seu líder e chefe, André Ventura, que, além de tudo o mais, é um adversário temível em campanha e em debates. O grande risco para Ventura é que os eleitores já tenham decidido o voto, mesmo antes de ouvir argumentos de parte a parte, tão saturados que podem estar das querelas políticas. Se for assim, a força na campanha de pouco servirá a André Ventura. Porém, esta possibilidade também representa um tremendo risco para Luís Montenegro. O risco chama-se abstenção. Se a saturação dos eleitores chegar até às urnas, os maiores beneficiados serão, tradicionalmente, os partidos dos extremos, e o Governo pode ficar condenado ao seu pior pesadelo: ser obrigado a continuar nos mesmos moldes em que governou no último ano, sujeito a levar pancada parlamentar, tanto pela esquerda, como pela direita. Veremos o que dá este combate politicamente mortal entre Montenegro e Ventura. Vamos à segunda corrida mais importante destas eleições legislativas. Pedro Nuno Santos está a operar uma metamorfose, como é designado, no trabalho da jornalista Rita Rato Nunes naSÁBADOdesta semana, o movimento para humanizar o líder do PS. Cresce a sensação de que os socialistas não estavam preparados para eleições. Falta programa de governo, falta uma mensagem assertiva e de qualidade, falta agregar rostos, personalidades e competências dentro do partido. Os socialistas tardam, portanto, a arrancar. Enquanto Montenegro e Ventura têm um duelo particular entre si, Pedro Nuno tem uma corrida consigo próprio para se credibilizar enquanto candidato a primeiro-ministro, sendo que a sorte grande a que pode aspirar será, no máximo, uma vitória, por escassa que seja. Em caso de derrota, o secretário-geral do PS precisa de conter os danos, de forma a manter as rédeas do partido e a resistir aos ventos de mudança que surgirão, inevitavelmente, pela mão, ou de José Luís Carneiro, umself-made manda política, ou de Fernando Medina.

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