Faço parte de uma geração que cresceu, estudou e viveu a respeitar a América. Aprendemos os valores democráticos do pensamento livre, dos direitos humanos e da liberdade de expressão a partir da recusa dos autoritarismos de esquerda e de direita que asfixiavam o Leste da Europa e a América Latina. Nas últimas duas décadas do século passado, tal recusa era uma construção intelectual, mas também prática, e os fundamentos dessa resistência estavam no outro lado do Atlântico. Os Estados Unidos eram o farol da cultura e da civilização. Esse farol iluminava os europeus de primeira geração da união económica e financeira, do mercado único, do projeto de aprofundamento da união política, do sonho de aproximação entre nações e gerações chamado Erasmus. As primeiras poupanças mais significativas, aplicámo-las, muitos de nós, a visitar Nova Iorque e outras cidades americanas, onde nos sentíamos transitoriamente parte daquele mundo civilizado.