Sábado – Pense por si

António José Vilela
António José Vilela
01 de fevereiro de 2023 às 20:00

O populismo como arma de arremesso

O problema do populismo é que esta visão “científica” é cada vez mais utilizada para desqualificar pessoas, movimentos e partidos que colocam em cima da mesa anseios legítimos. E o uso da palavra torna-se uma arma de arremesso

O que é o populismo, agora usado omo epíteto-chavão para tudo e mais alguma coisa? Os livros de Ciência Política não lhe dão uma única definição, mas concordam em alguns pontos básicos: trata-se de uma estratégia, normalmente usada por líderes carismáticos para juntarem as massas à sua volta, usando a demagogia e condimentos como o nacionalismo. Na prática, o populismo recorre a uma divisão a preto e branco da sociedade, separando-a, por exemplo, em dois grandes grupos antagonistas: um grupo ou a população pura e trabalhadora e os privilegiados, a elite ou elites corruptas. Verifica-se quase uma separação moralista, onde deve imperar a obediência à voz de uns tantos, normalmente a maioria. Por isso, o populismo não morre de amores pelos direitos das minorias, pela divisão de poderes ou até pela liberdade de Imprensa. É um movimento que ataca, pela esquerda, as grandes corporações e as forças da globalização neoliberal, e pela direita, os direitos das minorias étnicas e religiosas. E tudo isto é normalmente usado para justificar todos os males de uma sociedade e apontar os culpados óbvios, sobretudo em momentos de crise económica e social.

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