Esperamos, e ao esperarmos entendemos melhor o que temos pela frente, no horizonte. A urgência do mundo é uma corda que se aperta lentamente à volta do nosso pescoço. O que precisamos é de um catavento, e da paciência para vê-lo girar até que o sopro decida para onde quer apontar. A pressa que fique com quem a tem. O que é urgente é saber esperar.
ISTO ANDA TUDO tão depressa, e nós a querermos que ande ainda mais. Quando se acorda já se está com a ansiedade de querer tudo resolvido. Não queremos esperar, porque conhecemos o terrível segredo: que se forçarmos, talvez consigamos que as coisas aconteçam mais cedo. Temos tanta pressa para tanta coisa, que se arriscarmos parar para pensar, é possível que cheguemos à conclusão que estamos sempre a fugir de estarmos parados. Estamos sempre a caminho de qualquer coisa que nos espera em parte incerta. Mas há coisas que precisam de acontecer sem serem empurradas, que chegam lá só com o balanço que levam. Começa um pé irrequieto a ver as muitas maneiras de fazer com que esse balanço ganhe o dobro da velocidade, para que esse intervalo seja curto e indolor. O corpo desabituou-se de viver muito tempo nessa sala de espera que separa o querer do ter; e, assim, vão ficando cada vez mais curtas essas reticências que nos levam a reagir a uma velocidade que contraria o tempo. Saber esperar é uma arte que caiu em desuso, porque se foram queimando as etapas que estavam entre uma vontade e o seu fim. Quando não se sabe como dar uso à paciência, os empregados demoram a atender, a Internet está lenta, os transportes demoram a chegar, os emails demoram a ser respondidos - a vida nunca está à altura de quem quer tudo para antes. As árvores têm muitas coisas boas para nos mostrar, e uma delas é a paciência que nos fazem ter para que elas demorem a chegar ao tamanho que gostaríamos que tivessem. Fazem-se esperar, e fazem-se valer por essa espera. Quando vamos a um horto, as árvores maiores chegam às centenas de euros, mas as pequenas custam pouco dinheiro. O muito que elas demoraram a alargar o tronco e os ramos, são anos preciosos que foram fruto da espera. Querer mexer com as contas e apressar o tempo é uma coisa que se paga caro.
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Agora, com os restos de Idan Shtivi, declarado oficialmente morto, o gabinete do ministro Paulo Rangel solidariza-se com o sofrimento do seu pai e da sua mãe, irmãos e tias, e tios. Família. Antes, enquanto nas mãos sangrentas, nem sequer um pio governamental Idan Shtivi mereceu.
Na Europa, a cobertura mediática tende a diluir a emergência climática em notícias episódicas: uma onda de calor aqui, uma cheia ali, registando factos imediatos, sem aprofundar as causas, ou apresentar soluções.
"Representa tudo o que não sei como dividir. As memórias, os rituais diários, as pequenas tradições. Posso dividir móveis e brinquedos, mas como divido os momentos em que penteava o cabelo da Ema todos os dias enquanto ela se olhava no espelho?"
No meio da negritude da actualidade política, económica e social em Portugal e no resto do Mundo, faz bem vislumbrar, mesmo que por curtos instantes, uma luz.