Tanto os introvertidos como os tímidos têm tendência a evitar interações sociais, é sobretudo a razão pela qual o fazem que os distingue: os primeiros evitam porque ficam cansados, os segundos evitam porque sentem angústia. São dois resultados finais diferentes, que acabam por ajudar a perceber quem é o quê.
NEM SEMPRE ESTAMOS de braços abertos para o mundo. Às vezes há qualquer coisa que nos faz dobrar o corpo sobre nós mesmos, até ficarmos pequeninos, quase transparentes. Quando tentamos analisar de fora – essa maneira impossível de ser – e perceber o que estamos a sentir para nos estarmos a afastar daquilo de que toda a gente está feliz por se aproximar, a palavra que nos surge é: timidez. A timidez é o que acontece à cabeça quando tem medo que o corpo ocupe espaço, quando quer ficar longe mas com a curiosidade de quem está perto. Os olhares dos outros podem ser lanças assustadoras, e se alguém arrisca dirigir-lhes a conversa pode fazer com que o coração dispare para velocidades que nem ele próprio conhecia. Ser tímido é ter ansiedade de passar pelo meio de tudo e escolher ir à volta. O mundo e as pessoas que o habitam podem ser um bicho tão grande que faz com que se prefira ficar em vez de ir. Os tímidos estão tão preocupados com o olhar do outro, que o olhar deles próprios se anula. A timidez pode engolir o que somos, até sermos só uma ideia, alguém que era para ir e não foi, alguém que se afastou para não fazer parte. Os tímidos sofrem porque não suportam a ideia do que os espera.
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Talvez não a 3.ª Guerra Mundial como a história nos conta, mas uma guerra diferente. Medo e destruição ainda existem, mas a mobilização total deu lugar a batalhas invisíveis: ciberataques, desinformação e controlo das redes.
Ricardo olhou para o desenho da filha. "Lara, não te sentes confusa por teres famílias diferentes?" "Não, pai. É como ter duas equipas de futebol favoritas. Posso gostar das duas."