A madrugada não se despede sem me ver acordado. Ela dorme. Vou espreitar o que há para fazer das compras do dia anterior. Atiro-me às arrumações com o bicho-carpinteiro que me fez ir mais longe. Os fones dão-me música nova com o ritmo que distrai do trabalho mecânico: "Mas eu sei, até sei. Mas eu sei, até sei. Amor, não se procura o que em ti encontrei. Mas eu sei, até sei. Mas eu sei, até sei. Quero ver-te dormir, agora que acordei." O compassado romantismo do Carlão devolve-me ao quarto para a observar embevecido sem travões. Beijo-lhe a testa. Arqueia a sobrancelha, mantém o olho em repouso e esboça um sorriso consolado.