Sábado – Pense por si

Pedro Duro
Pedro Duro
22 de julho de 2024 às 07:00

Um dia qualquer

Perdi-me. Eu perco-me. Perco-me quando não percebo e fico ali a perder-me no que é isso de encontrar-se.

A manhã, as suas rotinas. Saí. Ela saiu. Reunião de equipa. Presencial porque é preciso entrosar. Ou talvez não. Mas dizem que sim. Atirei-me ao relatório. Algo não fazia sentido e talvez precisasse de mais informação. Como não pensei nisso antes? Quando se escreve surgem surpresas; desconstrói-se o que parecia arrumado antes de se arrumar em caracteres. E agora tinha de dizer ao cliente que, afinal, queria ver mais qualquer coisinha. Não gosto de revelar que não sei tudo, que tateio, que não vi o filme antes de me mostrarem. Não gosto de me exibir humano. Porque a humanidade banaliza-me. Ou, pelo menos, não gostava. Agora, uso como trunfo. Os anos trazem-me sempre um exemplo prático, contado ou sentido, daqueles que nos fazem viver por analogia, mais do que por dedução. Aceitamos desde cedo movimentarmo-nos por analogia, mas fazemos uma pausa de princípio quanto a pensar. Só no final da meia-idade voltamos à analogia para pensar, talvez porque só nessa altura tenhamos experiências que nos permitam olhar para o mundo dessa forma. E concluímos o que outros concluíram. Ou o que alguns concluíram, porque a vida trata de desmentir as suas regras.

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