Portas abertas ou portas fechadas? A xenofobia em Portugal
Não obstante a consciência coletiva de que o povo português é ele, também, tradicionalmente migrante (quem de nós não tem familiares que, em algum momento, emigraram?), parece que Portugal não está imune à xenofobia.
Uma das notícias que, recentemente, mais deu que falar no nosso país diz respeito aos ataques a imigrantes, no Porto. De acordo com as reportagens, terão sido proferidos insultos racistas e xenófobos às vítimas, pelo que se tratará, provavelmente, de um crime de discriminação e ódio.
Apesar de relativamente rara em Portugal, esta é apenas uma das muitas ocorrências reportadas, na Europa, nos últimos anos, acompanhando uma onda crescente de migrações que, assim, têm motivado movimentos racistas e xenófobos. Não obstante a consciência coletiva de que o povo português é ele, também, tradicionalmente migrante (quem de nós não tem familiares que, em algum momento, emigraram?), parece que Portugal não está imune à xenofobia. Veremos, pois, de que modo surgem atitudes xenófobas numa sociedade, como é que estas são reforçadas e como é que as podemos combater.
Primeiramente, é imperativo deixar claro que xenofobia não deverá ser confundida com racismo: o racismo é uma forma de preconceito em relação a indivíduos ou grupos, com base numa noção socialmente construída de "raça", que caracteriza pessoas a partir de marcadores físicos específicos como, por exemplo, a cor da pele. Isto não invalida que o racismo e a xenofobia não possam coexistir; na realidade, estes dois fenómenos, frequentemente, ocorrem em simultâneo. O conceito de xenofobia é relativamente mais complexo, mas certo é que denota uma postura de hostilidade em relação a um "estranho" que é perspetivado como ameaçador, intruso, usurpador. A complexidade deste fenómeno tem por base o pressuposto de que há uma noção de "nós", enquanto comunidade e identidade coletiva, e de "eles", enquanto exteriores e indesejados.
Mas nem toda a gente que vem de um país ou cultura diferentes vai ser alvo de xenofobia. Tal ocorre, tendencialmente, ao longo de um ciclo: quando um grupo imigra, tende a manter-se fechado sobre si, muitas vezes como resposta à atitude de evitamento e afastamento que a própria sociedade recetora apresenta em relação a pessoas "de fora". Nos anos que se seguem, os imigrantes podem sentir dificuldade em encontrar um espaço só deles no novo país e, se o tentarem fazer (por exemplo, expondo símbolos da sua cultura ou religião), tal pode levar a rivalidade e conflito com a cultura recetora. Se tentarem evitar este conflito, relacionando-se apenas com grupos semelhantes, contribuem para o fortalecimento da desconfiança sentida pela comunidade recetora, perpetuando, assim, a visão negativa mantida por esta.
O nível de xenofobia de uma sociedade também pode variar em função de outros aspetos, tais como a visão que têm dos motivos por detrás da imigração (há, tendencialmente, uma visão mais positiva de imigrantes refugiados em detrimento de imigrantes em busca de emprego), o estatuto socioeconómico dos imigrantes (se houver a perceção de que os imigrantes vão ser mais beneficiados do que os nacionais, então a visão xenófoba será maior) e as condições económicas do país recetor (se o país estiver a enfrentar uma crise económica e se forem escassos os empregos disponíveis, a probabilidade de se desenvolver atitudes xenófobas é superior).
A postura de desconfiança em relação ao "outro" é, muitas vezes, fortalecida por políticas anti-imigração que, com níveis variados de subtileza, recorrem a expressões preconceituosas que visam demonstrar que o imigrante contribui para o aumento do crime e que está a "roubar" oportunidades de emprego e a ameaçar a identidade cultural do próprio país. Assim, o "estranho", que chega a um novo país e tende a isolar-se, passa a ser visto como parte de uma "invasão".
Estamos a enfrentar neste momento, em Portugal, uma crise de habitação e pairam as críticas de que esta é consequência da enorme onda de imigração que se tem registado no nosso país. Os imigrantes são assim usados como bode expiatório, o que deverá ser tido em conta com uma visão crítica e até algum ceticismo. Não esqueçamos que muitos dos imigrantes que chegam a Portugal fazem-no para procurar melhores condições de vida, encontrando-se, não raras vezes, em estratos socioeconómicos inferiores aos dos portugueses. A crise da habitação é também sentida por estes, bastará apenas verificar as notícias sobre imigrantes que residem em camaratas sobrelotadas e precárias. A adoção de políticas xenófobas não será, como tal, a solução.
A redução da xenofobia passa, sem dúvida, por um aumento do contacto entre a comunidade recetora e a comunidade imigrante. Só este contacto e integração permitirá dissipar a imagem do "estranho" ameaçador e invasor e fomentar a ideia de que os imigrantes são apenas humanos que, na procura de uma vida melhor, recorreram ao nosso país. O investimento na dinamização de programas de integração, conduzidos por profissionais competentes, é, por isso, fulcral.
A adoção de normas anti-discriminatórias, que sejam reforçadas pela política e sociedade, permitirá humanizar os imigrantes e reduzir a xenofobia. Só aí poderemos trabalhar em prol de uma sociedade mais aberta e harmoniosa, que respeita o que temos de diferente,
para valorizar ainda mais o que temos em comum, sem que represente uma ameaça para qualquer uma das partes.
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