Sábado – Pense por si

Maria J. Paixão
Maria J. Paixão Investigadora
11 de fevereiro de 2024 às 11:10

O romantismo cívico da agressão

Depois de um período mais letárgico, após as massivas manifestações do movimento Que Se Lixe a Troika e da Geração à Rasca, assistimos a greves e manifestações a correr nos vários setores da sociedade – dos professores, aos médicos e enfermeiros, passando pelos trabalhadores da cultura e do setor dos transportes…

Miguel Torga encapsulou como ninguém o morno caráter português: somos uma coletividade pacífica de revoltados, à qual falta o romantismo cívico da agressão. A vozearia que acompanha a bica raramente marcha para as ruas. Não temos o ímpeto contestatário dos franceses, cujo descontentamento tem literalmente o poder de incendiar. Mas não temos também o decoro e circunspeção dos ingleses, desconfiados de qualquer entusiamo, sobretudo do entusiasmo revolucionário. Seria, por isso, injusto reduzir-nos a um povo sereno de brandos costumes, eternamente impávido. Como cantava Zé Mário Branco, "eu vi este povo lutar". Construímo-nos, portanto, nesta tensão entre o descontentamento e o conformismo, frequentemente à maré dos tempos. E os nossos tempos pulsam cada vez mais.

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