No dia 10 de Junho, dia Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, parecem ser os portugueses com "s" ou com "z" capazes das piores ações.
Nesta madrugada, Adérito Lopes ainda se encontra no hospital depois de um ataque violento da extrema-direita ao ator, que se preparava para realizar uma peça. Não vale a pena dizer o óbvio sobre o clima político e os actores políticos contribuírem directamente para a escalada de violência na nossa sociedade. Não foi o primeiro caso de violência gratuita, mas ironicamente (ou não) parte sempre dos movimentos que dizem estar a ser "violentados" pela presença de outros. No dia 10 de Junho, dia Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, parecem ser os portugueses com "s" ou com "z" capazes das piores ações e a confirmar a teoria que independente da etnia, género, cultura ou nacionalidade, a violência existe e é cada vez mais intensa quando normalizada pelo discurso nas redes sociais e órgãos de comunicação social. Dizer que se condena, censura ou reprova a violência em momentos como este são completamente ineficazes no combate à mesma. É preciso mostrar no dia-a-dia outro caminho, inspirar quem perdeu a esperança, resgatar quem está descontente e canalizar tudo isso para o lado democrático. Combativo sim, mas pelas ideias e discurso, sempre com respeito pelo próximo, algo que se perdeu na última década.
Para isso, nada mais vinha a propósito e mais premonitório do que o discurso da Lídia Jorge para assinalar o dia de Portugal, onde apresentou muitas referências históricas portuguesas e estrangeiras, sem nunca fugir aos principais problemas actuais que dividem a nossa sociedade e que contribuem para este sentimento de perda de comunidade. Um
discurso onde o conhecimento e a cultura foram a principal inspiração. Foi uma crónica ética, história e política para rasgar com a apatia moderna e invocar a nossa responsabilidade cívica, não apenas dos atores políticos, mas de todos nós. Infelizmente, parece quase premonitório do que iria acontecer nessa noite a Adérito Lopes. Não nos descreveu o retrato de Portugal, ofereceu apenas um espelho, onde conseguimos ver as nossas inquietações, defeitos e virtudes. Onde conseguiu mostrar a condição humana e portuguesa. E onde nos desafiou a definir quem realmente somos.
Na minha opinião, toca num dos pontos fulcrais: a identidade. E para essa perda de identidade e sentido de comunidade está a contribuir o que denomina de "poder demente", aquele que entra pelos nossos ecrãs, que distorce a realidade e cria-nos uma sensação de desconexão com o mundo exterior. Passámos a ser espectadores de uma realidade com a qual nunca concordamos. É o canal perfeito para proliferar as tendências autoritárias e respostas extremas perante uma perceção da realidade. Para um mundo em chamas, feio e descontrolado, a resposta oferecida pelos populistas é sempre a mesma e simples: mais autoridade e poder. A capacidade crítica que devemos ter enquanto cidadãos vai sendo substituída por seguidores fiéis ou bots ainda mais fiéis. Mas Lídia Jorge não aponta só o que está feio. Chama pela coragem de confrontar, pela resistência moral e consciente dos
perigos contemporâneos.
Se há discurso que vale a pena rever é este mesmo, onde toca ainda no nosso passado enquanto descendente do escravo e das pessoas que as escravizaram. Na nossa mistura diversa e plural, e reforçou que a nossa falta de homogeneidade foi a nossa principal arma. A nossa identidade nunca foi nem será fixa, mas em pluralidade. E se no mesmo dia somos capazes de assistir a um belo discurso e a um aterrador desfecho, a verdade é que o final desta história ainda não está escrito, e cabe a cada um de nós escolher, com consciência e coragem, que ideias vencerão.
A questão passa sempre por garantir que as regras e leis estão a ser também transpostas para o mundo digital. Sabemos bem que a maioria destes comentários feitos
fora destas redes sociais trariam consequências legais para estes indivíduos. No entanto, nem sabemos sequer quem os escreve.
São estes os nomes das pessoas que ativamente procuram lucrar com o ódio, a polarização e que atiram areia para cara dos portugueses com falsos problemas. Mas não são só estes nomes que são responsáveis pela deriva antidemocrática, racista e xenófoba que acontece no nosso país.
Uma pessoa que vem da população para a política e que passou por todos os problemas que hoje tenta resolver. Um muçulmano apoiado por judeus. Tudo na sua história parece indicar pouca probabilidade de atingir o sucesso, especialmente no contexto financeiro americano, mas cá está ele.
Se o tema associado à sustentabilidade das próximas gerações sempre teve como prioridade o aspecto ambiental do planeta, cada vez mais parece ser apenas a ponta do iceberg.
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O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.
Até porque os primeiros impulsos enganam. Que o diga o New York Times, obrigado a fazer uma correcção à foto de uma criança subnutrida nos braços da sua mãe. O nome é Mohammed Zakaria al-Mutawaq e, segundo a errata do jornal, nasceu com problemas neurológicos e musculares.