Sábado – Pense por si

Francisca Magalhães Barros
Francisca Magalhães Barros
23 de maio de 2019 às 16:07

Casa do “povo”

É inacreditável como somos tão pouco ouvidas, entendidas ou como este "nosso" assunto (violência doméstica) não é um assunto do estado português apesar de ser o crime mais cometido em Portugal.

Nunca pensei que uma expressão se adequasse tanto a um sítio como esta. A assembleia da república é de facto a casa do povo, mas não é a casa dos portugueses, neste caso não é das mulheres portuguesas e das crianças. De facto o dito "povo" que lá habita são os deputados (não todos) mas partidariamente a maioria. Ora vejamos, o recordar das audiências que tive com deputadas do CDS, PSD e por fim PS (uma excepção à regra das outras), através da força e sensibilidade da Isabel Moreira. É inacreditável como somos tão pouco ouvidas, entendidas ou como este "nosso" assunto (violência doméstica) não é um assunto do estado português apesar de ser o crime mais cometido em Portugal e após o mesmo ter sido o primeiro país a assinar uma convenção que visa proteger as vítimas (Convenção de Istambul) que não é minimamente cumprida e que tal incumprimento devia ser reportado a nível europeu. Ora bem, da audiência com a deputada do CDS, Vânia Dias da Silva, retirei a palavra "católica" misturada com "a reabilitação dos agressores" isto à frente de uma vítima que perdeu os dois filhos! As tais vítimas sem estatuto, como as crianças. Da audiência com o PSD e através da deputada Sara Martins Madruga da Costa tiveram a "audácia" e a "pouca vergonha" de se terem enganado e de referirem a palavra "temos que ir para o plenário" mais vezes, do que verbalizaram qualquer outra, num total desplante e desrespeito pelo sofrimento das vítimas e de desconsideração pela associação que estava ali representada. É isto, que estes deputados, que nos representam a todos fazem e como se comportam em situações desta gravidade. São estes os nossos legisladores, que legislam para que mulheres e crianças continuem a morrer. São estes os "minutos de silêncio" que fazem para depois nada dizerem ou praticarem. A triste conclusão a que chego é: foram apenas marcar o ponto na folha de presença. Pior que isso, nem sequer sabiam ao que iam. São estes deputados que pedem que Portugal vote. Que dizem existir justiça, com certeza (divina). Isto, mostrou claramente que as mulheres e crianças irão continuar a morrer e a ser capachos da "in"justiça portuguesa. Que nada trava esta mentalidade de impunidade perante a lei. Assim foram passados os meus dias ao lado do "povo" na assembleia que representa mulheres e crianças, cidadãs num Portugal de terceira categoria.

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