
Não boicotem já o meu pensamento, pois estarão a ser injustos. Começa a ser difícil falar no meio de tanto ruído sobre algum TPCC (Tema Polémico de Curta Duração). Sou uma pessoa normalzinha mas, terei algum dia, de justificar-me se for ali consumir um café e comer um bolo à Padaria Portuguesa? Se fizer sol e for para a esplanada então é que estou mesmo em risco. Não aguento estar sem óculos de sol muito tempo e os que agora uso são da marca Ralph Lauren, a mesma marca do vestido da Melania na tomada de posse do marido. Acontece, porém, que não sou nenhuma "porca nazi" nem uma "neoliberal sem escrúpulos". Estavam em saldo na altura e como passo a vida a perder óculos, vieram estes…
Esta semana a nova proposta nacional foi à Padaria Portuguesa. Não faço ideia se as hostilidades já começaram ou se ainda estão à espera de vez. Isso fará de mim uma pessoa sem consciência social.
Creio que não, até porque nestas coisas, tomar posições é um luxo. Passo a explicar: eu não tenho poder de compra para ir tomar um café e um croquete ao Gambrinus, para além de que seria ridículo. Da Padaria Portuguesa só terei a dizer uma coisa: que pena ainda não ter chegado ao Porto. Serve bem o seu propósito, safa-me nos dias em que não tenho um pão assim mais apetitoso para um jantar lá em casa, enfim… Também não adorei a forma como o tal sócio-gerente falou do pessoal: quer poder despedir para crescer? Ou explicou-se mal? A jornalista não ajudou muito e ficaram ali algumas coisas por esclarecer. Mas daí a boicotar… calma! Se os empregados são gente, eu também sou uma cliente regular e não quero que me chamem nomes por não viver no politicamente correcto.
Quem diz Padaria Portuguesa, diz outra coisa qualquer. Para a semana que vem estarei a ser convocada para outra causa fracturante da sociedade portuguesa ou mundial. Espero que não faça parte do meu quotidiano, pois anda a ficar apertado para esta pequena consumidora. Assim como não quero dispensar o bom pão que produzem, também não me apetece sentir culpa por ter um perfume Ralph Lauren e uns óculos da mesma marca. Gosto deles, e depois? Não me posso dar ao luxo de os mandar ao lixo.
Se regesse a minha vida a tudo o que está mal – e não é pouco -, ficava nua, malcheirosa e com fome. Isso fará de mim uma pessoa horrorosa sem sentimentos? Estarei boicotada aos boicotes? Lá porque não tomei posição na hora, isso não me impedirá deixar de boicotar coisas no futuro… Há tanta oferta de boicote por aí: à Final da Champions League, à chacina das raposas, aos taxistas, e só tirar a senha.
Mais ou menos assim:
Eu – Bom dia, queria um boicote
Empregado - Com ou sem violência?
Eu - O que sair mais depressa!
E andamos nisto.
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