Israel sob ataque do Irão

Sirenes de ataque soaram em Israel no momento em que mísseis iranianos atingiram o país esta sexta-feira, em retaliação pelos ataques israelitas a instalações nucleares e altos militares do Irão, na noite de quinta-feira. Há registo de pelo menos 15 feridos.

O estrondo das explosões foi ouvido em toda a capital israelita, Jerusalém. As televisões israelitas mostraram as nuvens de fumo a subir em Telavive, após um dos ataque de mísseis. O canal televisivo israelita "Canal 13" relatou um incêndio perto da sede do Ministério da Defesa de Israel e que caíram rockets em sete áreas no centro de Israel.

O exército israelita disse que foram lançados dezenas de mísseis e pediu a todos os residentes do país para se deslocarem para abrigos antiaéreos.

Um alto funcionário iraniano disse à agência Reuters que "nenhum lugar em Israel estará seguro", acrescentando: "a nossa vingança será dolorosa". O responsável terá dito ainda que Israel "pagará um preço elevado por matar cientistas, comandantes e o povo" do Irão.

Netanyahu espera "várias vagas de ataques iranianos"

O primeiro-ministro israelita disse esperar "várias vagas de ataques iranianos". "Esperamos ser expostos a várias vagas de ataques iranianos", disse Benjamin Netanyahu, numa declaração transmitida por vídeo.

Netanyahu adiantou ter dado ordens para atacar o programa nuclear iraniano em novembro de 2024 e que o plano inicial de Israel era realizar os ataques no final de abril deste ano, embora tenha sido adiado.

"A ordem surgiu logo após o assassínio do [líder do movimento xiita libanês Hezbollah, Hassan] Nasrallah", disse o chefe de governo israelita, na mesma mensagem.

Netanyahu não apresentou razões específicas para o atraso nos planos de ataque, embora os relatos dos meios de comunicação israelitas indiquem que as negociações entre Washington e Teerão sobre o programa nuclear iraniano começaram em abril, precisamente quando, segundo o primeiro-ministro, Israel deveria realizar os seus ataques.

Ouvidas novas explosões no Teerão

Ao que tudo indica, Israel terá atacado novamente o Irão. Segundo a agência France Press foram ouvidas duas novas explosões perto da central nuclear iraniana, em Teerão.

Agência nuclear da ONU reúne-se de urgência na segunda-feira

O Conselho de Governadores da agência nuclear da ONU convocou uma reunião extraordinária para a próxima segunda-feira após o ataque israelita a instalações nucleares iranianas.

A reunião do órgão executivo da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) foi proposta pelo Irão, com o apoio da Rússia, segundo fontes consultadas pela agência de notícias espanhola EFE.

Não há indícios de que Israel possa ser sancionado ou condenado pelos seus ataques, uma vez que conta com o apoio de mais de metade dos membros do Conselho.

Por conseguinte, a sessão deverá servir para uma mera troca de declarações e acusações mútuas entre as partes em conflito e aliados.

Israel encerra todas as embaixadas no mundo após atacar o Irão

O Governo de Israel anunciou hoje o encerramento de todas as embaixadas israelitas no mundo como parte das medidas de segurança adotadas após os bombardeamentos realizados nas últimas horas pelo exército contra o Irão.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita indicou que "devido aos recentes acontecimentos, as missões israelitas em todo o mundo serão encerradas e não serão prestados serviços consulares", disse a Embaixada de Israel em Lisboa, através da página na internet.

Na mesma publicação, a embaixada disponibilizou uma ligação para um documento para que os israelitas no estrangeiro informem sobre a localização e o estado.

A embaixada também pediu aos cidadãos fora do país que "contactem imediatamente" o departamento de emergências do ministério em caso de "emergência ou problemas".

Por outro lado, recomendou que os cidadãos israelitas evitem exibir "símbolos judaicos ou israelitas em espaços públicos" e "a publicação de detalhes identificáveis sobre a localização ou planos de viagem nas redes sociais".

Além disso, os israelitas não devem "comparecer em grandes reuniões ou eventos associados a Israel ou comunidades judaicas" e são exortados a "cooperar com as forças de segurança locais" e a "manter um alto nível de alerta em locais públicos".

Algumas horas antes, o chefe da diplomacia de Israel, Gideon Saar, havia detalhado que o ministério estava a funcionar "em formato de emergência" e tinha aberto "uma sala de emergência para operar todas as missões de Israel em todo o mundo".

"As missões de Israel vão operar a nível diplomático e através dos meios de comunicação em todos os domínios para permitir a legitimidade diplomática da operação militar [contra o Irão]", afirmou, após uma "maratona" de contactos com homólogos de outros países para informar sobre os bombardeamentos.

Companhias aéreas turcas cancelam voos para o Irão, Iraque, Síria e Jordânia até segunda-feira

A Turkish Airlines e outras companhias aéreas turcas, incluindo a Pegasus, cancelaram esta sexta-feira os voos para o Irão, Iraque, Síria e Jordânia até segunda-feira, depois do ataque israelita. A informação foi avançada pelo ministro dos Transportes turco.

Netanyahu falou ao telefone com Trump e Putin

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, falou esta sexta-feira ao telefone com os presidentes dos EUA e da Rússia, Donald Trump e Vladimir Putin.

"Os líderes demonstraram compreensão pela necessidade de Israel se defender contra a ameaça de aniquilação iraniana", afirmou o gabinete de Netanyahu em comunicado.

Ministério dos Negócios Estrangeiros procura garantir proteção de portugueses

Portugal segue "com enorme preocupação" o conflito entre Israel e Irão e pede "máxima contenção", disse hoje o Governo, que está em contacto com as missões diplomáticas na zona para garantir a proteção dos portugueses.

"Portugal segue com enorme preocupação o agravamento da situação no Médio Oriente. Exorta à máxima contenção, evitando uma perigosa escalada e reabrindo canais diplomáticos", afirmou, através das redes sociais, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, liderado por Paulo Rangel.

Na mesma publicação, o Governo afirma estar em contacto com as missões diplomáticas portuguesas para "assegurar a proteção dos portugueses na região".

Israel iniciou esta madrugada uma ofensiva militar contra o Irão com bombardeamentos a instalações militares e nucleares que mataram vários altos oficiais iranianos, bem como cientistas e outros civis.

Os ataques noturnos, efetuados por 200 aviões contra uma centena de alvos, atingiram sobretudo Teerão (norte) e a central de enriquecimento de urânio de Natanz (centro).

O Governo israelita afirmou que a operação militar vai continuar e as autoridades iranianas prometem uma resposta sem limites aos ataques israelitas.

Houthis condenam ataques israelitas

Os rebeldes houthis, alinhados com o Irão, condenaram esta sexta-feira os ataques israelitas e afirmaram que o país tem o "direito de se defender e desenvolver o seu programa nuclear". 

"Israel é uma entidade agressiva que ameaça não apenas a Palestina, mas também a segurança e a estabilidade da região e de toda a nação", lê-se num comunicado citado pelo Al Jazeera. "As alegações de Israel, sobre o programa nuclear iraniano, são infundadas e o país não tem o direito de ser o polícia da região, dado seu arsenal nuclear."

Já morreram mais de 70 pessoas

A agência de notícias Fars informou esta sexta-feira que pelo menos 70 pessoas morreram e 320 ficaram feridas, como consequência dos ataques israelitas levados a cabo contra o Irão.

Não há, no entanto, até ao momento, "estatísticas oficiais" sobre o número de vítimas ou feridos.