23 mar 2022
23 de março de 2022 às 11:55
Lusa
Bruxelas autoriza ajudas estatais para empresas em dificuldades
A Comissão Europeia adotou hoje um "Quadro Temporário de Crise" que flexibiliza as regras da concessão de ajudas de Estado, de modo a permitir aos Estados-membros apoiar a economia face aos efeitos da guerra lançada pela Rússia na Ucrânia.
Este quadro temporário contempla designadamente a possibilidade de os Estados-membros poderem compensar parcialmente as empresas, em particular as grandes consumidoras de energia, pelos custos adicionais causados pelos aumentos excecionais dos preços do gás e da eletricidade, agravados pela guerra na Ucrânia.
Este apoio pode ser concedido sob qualquer forma, incluindo subvenções diretas (a fundo perdido), estipulando Bruxelas que o montante total da ajuda por beneficiário não pode exceder 30% dos custos elegíveis, até um máximo de dois milhões de euros.
Bruxelas admite, todavia, que quando uma empresa sofre perdas de exploração, "poderá ser necessário um auxílio adicional para assegurar a continuação de uma atividade económica", pelo que os Estados-Membros podem conceder ajudas acima destes limites máximos, até 25 milhões de euros para grandes utilizadores de energia, e até 50 milhões de euros para empresas ativas em determinados setores específicos, tais como a produção de alumínio e outros metais, fibras de vidro, pasta de papel, fertilizantes ou hidrogénio e muitos produtos químicos de base.
O quadro temporário de crise prevê também que os Estados-Membros possam criar esquemas para conceder até 35.000 euros a empresas afetadas por crises ativas nos setores da agricultura, pescas e aquicultura, e até 400.000 euros a empresas afetada por crises ativas em todos os outros setores.
Apontando que as sanções impostas à Rússia pela União Europeia e os seus parceiros internacionais estão a ter "um sério impacto na economia russa", a vice-presidente executiva da Comissão com o pelouro da política de concorrência, Margrethe Vestager, admitiu que também a economia europeia está a pagar um preço elevado devido ao efeito ‘ricochete’ das sanções, situação que "irá continuar nos próximos meses", pelo que é necessário "mitigar as consequências económicas desta guerra e apoiar as empresas e setores mais atingidos".
"Para o efeito, a Comissão permitirá aos Estados-membros utilizar a flexibilidade proporcionada pelas regras em matéria de auxílios estatais para fazer face a esta situação sem precedentes, preservando ao mesmo tempo a igualdade de condições no mercado único", disse.