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Síria: Mais de 500 pessoas morreram no campo de Al-Hol em 2019

16 de janeiro de 2020 às 12:28

O campo abriga cerca de 68 mil pessoas, incluindo familiares de jihadistas do grupo Estado Islâmico, vivendo em condições precárias e totalmente dependentes de ajuda humanitária.

Mais de 500 pessoas, principalmente crianças, morreram em 2019 no campo de Al-Hol, na Síria, onde vivem dezenas de milhares de pessoas deslocadas, incluindo familiares de jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).

"O número de mortes em 2019 no campo é de 517, incluindo 371 crianças", disse Dalal Ismaïl, responsável pelo Crescente Vermelho Curdo para o campo de Al-Hol, a uma equipa da AFP que visitou na terça-feira o campo.

A desnutrição e a falta de assistência médica a bebés prematuros estão entre as principais causas de morte neste campo, administrado pelas autoridades curdas do nordeste da Síria, disse a mesma fonte.

"A situação é catastrófica e é um fardo muito pesado", acrescentou Ismaïl, referindo que muitas crianças morreram durante o inverno "devido ao frio e à falta de aquecimento adequado".

Entre as crianças mortas também existem estrangeiras, acrescentou.

O campo abriga cerca de 68 mil pessoas, vivendo em condições precárias e totalmente dependentes de ajuda humanitária.

Foi principalmente para este campo que foram enviadas mulheres e crianças estrangeiras, familiares dos membros do EI, quando foram retiradas do último reduto do grupo ‘jihadista’, reconquistado pelas forças curdas em março de 2019.

O campo recebe uma grande maioria de sírios e iraquianos. Um enclave separado, colocado sob alta segurança, é reservado para mulheres estrangeiras e os seus filhos, parentes dos ‘jihadistas’ do EI.

No total, cerca de 12.000 estrangeiros, 4.000 mulheres e 8.000 crianças, estabeleceram-se em três campos de deslocados no nordeste, a grande maioria em Al-Hol, segundo estatísticas das autoridades curdas.

A ajuda fornecida por agências da ONU ou organizações não-governamentais internacionais "não é suficiente", disse à AFP o oficial de comunicações do campo, Jaber Sayed Mostafa.

Mostafa aponta para "as grandes dificuldades médicas devido à escassez significativa de medicamentos".

"Os cabazes de alimentos também não são suficientes. Existem famílias que ainda precisam de trocar de barraca" porque estão gastas, disse referiu Mostafa.

É provável que a situação piore: uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, estendendo a ajuda humanitária transfronteiriça trazida para a Síria, removeu o ponto de passagem que permitia que esses auxílios chegassem diretamente aos territórios curdos de a fronteira com o vizinho Iraque.

As autoridades curdas alertaram que a abolição do ponto de passagem de Al-Yarubiyah poderia causar escassez de médicos e dificultar "60 a 70% da assistência médica fornecida ao campo de Al-Hol".

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