Secções
Entrar

Rússia quer voltar ao Conselho de Direitos Humanos da ONU

Débora Calheiros Lourenço 26 de setembro de 2023 às 10:20

A votação vai ser realizada a 10 de outubro e alguns diplomatas acusam a Rússia de estar a oferecer cereais e armas a países em troca dos seus votos.

Depois de ter sido expulsa do Conselho de Direitos Humanos da ONU no ano passado, pela invasão da Ucrânia, a Rússia quer voltar a integrar o organismo e reforçar a sua posição internacional.

REUTERS/Denis Balibouse

No próximo mês decorrem as eleições para mais um mandato de três anos e a BBC teve acesso ao documento elaborado pelos diplomatas russos para convencerem os outros estados e no qual prometem encontrar "soluções adequadas para as questões de direitos humanos".

Outro dos objetivos russos para esta eleição é impedir que o organismo se torne um "instrumento que serve as vontades políticas de um grupo de países", o que pode ser entendido como uma referência ao bloco ocidental, uma vez que é contra que esse grupo "puna governos não leais pela sua política externa independente".

O documento garante que a Rússia vai "promover princípios de cooperação e fortalecimento do diálogo construtivo e mutuamente respeitoso no Conselho, a fim de encontrar soluções adequadas para questões de direitos humanos".

Estas eleições ocorrem num momento em que a Rússia tenta recuperar alguma credibilidade internacional, especialmente junto dos países que lhe são mais próximos, enquanto continua a ser acusada e julgada por violações de direitos humanos e crimes de guerra na Ucrânia.

Esta semana chegou ao Conselho de Direitos Humanos um relatório da Comissão de Inquérito sobre a Ucrânia e no qual Erik Mose, presidente da comissão, defendeu que háprovas contínuas de crimes de guerra, tortura, violações e ataques a civis praticados pela Rússia em território ucraniano.

Além disso, os direitos humanos na Rússia também se "deterioraram significativamente" segundo outro relatório apresentado há duas semanas especialmente porque os críticos à invasão estão sujeitos a prisões arbitrárias, torturas e maus tratos.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU tem sede em Genebra e conta com 47 membros, reeleitos a cada três anos. Nas eleições de 10 de outubro a Rússia compete com a Albânia e a Bulgária pelos dois lugares destinados aos países da Europa Central e Oriental.

A votação engloba todos os 193 membros da Assembleia-geral da ONU e alguns diplomatas já acusaram a Rússia de estar a fazer uma campanha bastante agressiva que incluiu a oferta de cereais e armas a países em troca dos seus votos, pelo que existe realmente a possibilidade de a Rússia voltar a ser escolhida para o conselho.

Em abril de 2022 a Rússia foi suspensa deste conselho com 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções e culpou "os Estados Unidos e os seus aliados" por tal saída.

Umrelatório publicado este mêspela ONU Watch, a Fundação dos Direitos Humanos da ONU e o Centro Raoul Wallenberg concluiu que a Rússia não estava "qualificada" para fazer parte do conselho. O mesmo relatório defende ainda que "reeleger a Rússia para o conselho agora, quando a sua guerra contra a Ucrânia ainda está em curso, seria contraproducente para os direitos humanos e enviaria uma mensagem de que a ONU não leva a sério a responsabilização da Rússia pelos seus crimes na Ucrânia".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela