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Putin forneceu o míssil que derrubou o voo MH17, apontam investigadores

Débora Calheiros Lourenço 08 de fevereiro de 2023 às 15:54

Avião caiu em 2014, atingido por um míssil de fabrico russo. Procuradores consideraram ter esgotado todas as pistas existentes e que não podem continuar com nenhum processo criminal.

Há fortes indícios de que foi Vladimir Putin que decidiu fornecer e autorizar o uso do míssil que derrubou o voo MH17 da Malaysia Airlines, em 2014, sobre a Ucrânia, levando à morte de quase 300 pessoas. O lançamento do míssil deu-se enquanto os separatistas pró-Moscovo e a Ucrânia já se encontravam em conflito na região do Donbass. 

REUTERS/Antonio Bronic

Em novembro de 2022, um tribunal holandês considerou à revelia três homens - dois ex-agentes dos serviços secretos russos e um líder separatista ucraniano - culpadosde assassinato por terem ajudado a organizar o sistema de mísseis russo BUK, usado para derrubar o avião. Estes três homens permanecem foragidos. 

Agora, os procuradores avançam que há provas de que foi o presidente russo que decidiu fornecer o míssil a separatistas russos apoiados por Moscovo, apesar de não existirem quaisquer indícios de que Putin tenha ordenado que a aeronave fosse abatida.

No entanto, os procuradores consideraram esta quarta-feira que já esgotaram todas as pistas existentes e que não podem continuar com nenhum processo criminal, uma vez que não conseguem identificar os soldados responsáveis por disparar o míssil.

Num comunicado a Equipa de Investigação Conjunta afirmou que Moscovo tinha o "controlo total" sobre a República Popular do Donetsk, uma vez que já tinha invadido a Crimeia em maio desse ano e já controlava a área em julho de 2014.

Segundo várias conversas telefónicas gravadas, a que os procuradores tiveram acesso, as autoridades russas afirmaram que a decisão de fornecer apoio militar "recai diretamente sobre o presidente".

O mesmo comunicado refere que "existem informações concretas de que o pedido dos separatistas foi apresentado ao presidente e que esse pedido foi atendido", embora o não existam informações sobre se o pedido "mencionava explicitamente" o sistema usado para abater o MH17.

Os investigadores concluem que embora sejam referidos "fortes indícios, o alto nível de evidências completas e conclusivas não foi alcançado". Existindo ainda a questão de que Vladimir Putin, enquanto o "presidente goza de imunidade no seu cargo de chefe de Estado".

Desde 2014 que a Rússia nega qualquer envolvimento na queda do avião.

Em julho de 2014, o Boeing 777 estava a realizar um voo entre a capital holandesa, Amesterdão, e Kuala Lumpur, na Malásia, quando foi atingido por míssil terra-ar de fabrico russo durante o conflito entre os rebeldes pró-Rússia e as forças ucranianas na região do Donbass.

Entre os 298 passageiros e tripulantes, 196 eram holandeses e os restantes eram originários da Malásia, Austrália, Reino Unido e Bélgica.  

Piet Ploeg, que dirige a fundação que representa as vítimas, afirmou que se encontrava desapontado com o fim da investigação, mas feliz por os procuradores terem apresentado as evidências que comprovam o envolvimento de Putin.

"Não podemos fazer muito com isso, Putin não pode ser processado", começou por partilhar. No entanto, considera que conseguiram alcançar um dos objetivos da fundação: "Queríamos saber quem foi o responsável e isso está claro."

O irmão de Piet Ploeg, a cunhada e o seu sobrinho morreram devido à queda do MH17.

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