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Proibida manifestação de apoio a assassino de funcionários da polícia de Paris

09 de outubro de 2019 às 13:15

Mickaël Harpon trabalhava desde 2003 na polícia de Paris e atacou vários colegas com uma faca, matando quatro deles e ferindo um outro.

O ministro do Interior de França, Christophe Castaner, proibiu uma manifestação convocada para esta quarta-feira em defesa de Mickaël Harpon, funcionário da polícia de Paris que assassinou quatro colegas e está a ser investigado por ato terrorista. "A manifestação prevista para Gonesse em apoio ao assassino da prefeitura de polícia é uma infâmia e um insulto à memória dos nossos polícias", disse Castaner na sua conta na rede social Twitter.

Mickaël Harpon, um informático de 45 anos que trabalhava desde 2003 na direção de informações da prefeitura de polícia de Paris, atacou no dia 03 de outubro vários colegas com uma faca, matando quatro deles e ferindo um outro, e acabou por ser abatido por um polícia no pátio do edifício.

Segundo o procurador antiterrorista Jean-François Ricard, Harpon "terá aderido a uma visão radical do Islão" e estava em contacto com pessoas do "movimento salafista" (ultraconservador). O ministro do Interior condecorou a título póstumo com a Legião de Honra as quatro vítimas: Damien Ernest, major, Anthony Lancelot, agente, Brice Le Mescam, adjunto administrativo principal e Aurélia Trifiro, agente.

Castaner disse esta quarta-feira que havia dado instruções para que as "declarações odiosas" da convocatória da marcha fossem comunicadas ao procurador para avaliar se podem ser consideradas um delito. O ministro francês referia-se a um vídeo publicado na Internet por Hadama Traoré, um homem que havia aparecido nas eleições europeias de maio como um "candidato dos subúrbios" e que justificava a concentração em Gonesse, a cidade nos arredores de Paris onde Harpon morava, como forma de defender o seu nome contra a imagem que os políticos e os meios de comunicação social lhe deram.

Traoré insistiu neste argumento de que o assassino "não é um terrorista que foi movido por reivindicações terroristas", mas que o seu ato foi uma consequência da "pressão das condições de trabalho e, principalmente, de uma vida difícil". Hadama Traoré disse que ninguém poderia falar mal de Harpon, mas acordo com a investigação já realizada, o informático havia demonstrado sinais de radicalização religiosa e também havia considerado justificado o ataque terrorista de janeiro de 2015 contra o semanário satírico "Charlie Hebdo".

O organizador da marcha de Gonesse também apelou a "todas as minorias perseguidas" e a "todas as comunidades perseguidas" a "fazer guerra juntos contra os políticos e a comunicação social". O Presidente da França, Emmanuel Macron, pediu na terça-feira ao país que construa uma "sociedade de vigilância" contra o terrorismo ‘jihadista’ e prometeu lutar incansavelmente contra a "hidra islâmica", em homenagem aos quatro oficiais mortos por Harpon.

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